sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Inquérito sobre o Algarve


Foi realizado um inquérito a 40 indivíduos para aferir se tinham alguns conhecimentos sobre a região do Algarve.
Obtivemos os seguintes resultados:

Relativamente à questão sobre qual a capital do Algarve, todas as pessoas responderam corretamente a esta questão.


À questão sobre o doce tradicional mais conhecido do Algarve, 69% dos inquiridos responderam a esta questão que é o D. Rodrigo, seguido da Torta de amêndoa, com 23% de respostas.

A lenda do lobisomem

Diz a lenda que quando uma mulher tem 7 filhas e o oitavo filho é homem, esse menino será um Lobisomem. Também o será, o filho de mulher amancebada com um Padre.

Sempre pálido, magro e orelhas compridas, o menino nasce normal. Porém, logo que ele completa 13 anos, a maldição começa.
Na primeira noite de terça ou sexta-feira, depois do aniversário, ele sai à noite e vai até uma encruzilhada. Ali, no silêncio da noite, se transforma em Lobisomem pela primeira vez, e uiva para a lua.
Daí em diante, toda terça ou sexta-feira, ele corre pelas ruas ou estradas desertas com uma matilha de cachorros latindo atrás. Nessa noite, ele visita, 7 partes da região, 7 pátios de igreja, 7 vilas e 7 encruzilhadas. Por onde passa, açoita os cachorros e apaga as luzes das ruas e das casas, enquanto uiva de forma horripilante.
Antes do Sol nascer, quando o galo canta, o Lobisomem volta ao mesmo lugar de onde partiu e se transforma outra vez em homem. Quem estiver no caminho do Lobisomem, nessas noites, deve rezar três Ave-Marias para se proteger.
Para quebrar o encanto, é preciso chegar bem perto, sem que ele perceba, e bater forte em sua cabeça. Se uma gota de sangue do Lobisomem atingir a pessoa, ela também vira Lobisomem.

A lenda dos três rios

Era uma vez três rios que nasceram em Espanha. 
Chamavam-se Douro, Tejo e Guadiana. Estavam um dia a contemplar as nuvens e perguntaram-lhes de onde vinham.

- Do mar - responderam as nuvens. - Ele é o vosso pai.
- Onde fica o mar? - perguntaram os rios.
- Lá longe, em Portugal - responderam as nuvens.
- É grande? - perguntaram os rios.
- É, é muito grande - responderam as nuvens
- Havemos de ir ver o mar - disseram os rios.

E combinaram que no dia seguinte iriam os três ver o mar. Assim fizeram.
O Guadiana acordou primeiro e lá foi calmamente, contemplando os montes e as belezas que o espreitavam, e escolhendo os caminhos por onde passava, ao chegar a Vila Real de Santo António parou maravilhado.
O segundo foi o Tejo. Quando acordou já o sol ia alto. Começou a andar depressa, quase não escolhendo caminho, mas, quando entrou em Portugal, pensou lá consigo que já deveria ter muito avanço e lembrou-se de gozar as campinas e os montes, espreguiçando-se nas margens planas, antes de se lançar nos braços do pai.
O Douro, quando acordou e se viu só, nem esfregou os olhos. Partiu à pressa por desfiladeiros e precipícios, não escolhendo caminho, nem pensando em gozar a natureza. Assim foi ele que, muito sujo e enlameado, chegou em primeiro lugar.
E assim, com essa lenda contamos um pouco da história dos nossos três rios mais importantes. Cada um tendo características diferentes. 

INQUÉRITO SOBRE O ALENTEJO

Foi realizado um inquérito a 40 indivíduos para aferir se tinham alguns conhecimentos sobre as regiões do Algarve e Alentejo.
Obtivemos os seguintes resultados:

Relativamente à questão sobre a principal atividade económica no Alentejo, todas as pessoas responderam corretamente a esta questão.

À questão sobre o monumento mais antigo da cidade de Évora, responderam a esta questão corretamente 67% das  40 pessoas inquiridas.

Açorda Alentejana de Alho e Coentros com Ovo Escalfado

Para começar bem a semana, uma açorda alentejana (ou sopa, como alguns lhe chamam).
Incrível como se conseguiram criar coisas tão boas e saborosas com uma escassez tão grande de recursos. Alimentar-me a pão e água? Parece-me bem, desde que seja no Alentejo!

Ingredientes para 2 pessoas:

azeite
3 dentes de alho
1 raminho de coentros
2 fatias de pão alentejano (de preferência com alguns dias e cortado fino)
sal q.b.
2 ovos
água

Preparação:

Num almofariz esmague os dentes de alho com sal e com metade dos coentros.
Leve uma panela ao lume com azeite e junte a mistura de sal, coentros e alho e deixe fritar um pouco sem deixar queimar. Acrescente depois cerca de 600ml de água e deixe levantar fervura. Rectifique de sal e cuidadosamente abra os ovos para dentro deste caldo. Junte os restantes coentros picados grosseiramente e deixe ferver em lume brando até os ovos estarem cozinhados.
Divida as fatias de pão pelos pratos de sopa e cubra com o caldo fervente e com o ovo.

Bom Apetite!

Anedotas de Alentejanos

Anedotas com o sabor do vinho do Alentejo 

Estavam dois alentejanos encostados num chaparro à beira da estrada. E o vento soprava em sentido contrário. Eis que um deles olha para o outro lado da estrada e vê uma nota. E diz: "Compadre, se o vento se volta temos o dia ganho".

Um alentejano vai à feira comprar um fato. O cigano vende-lhe um e diz que é dos melhores. O alentejano leva-o para casa e como é de hábito, lavou o fato antes de usar. Eis que as calças encolhem. O alentejano zangado vai à procura do cigano. E este ao vê-lo chegar com as calças curtas, malicioso e mal intencionado diz-lhe: "Parabéns, amigo, muito cresceste desde a última vez que te vi!!"

Antigamente era obrigatório ter licença nas carroças dos burros. A polícia estava de serviço na estrada e eis que vem um cigano com o filho na carroça. Manda-o parar e pede-lhe os documentos. O cigano como não tinha segredou ao ouvido do filho: "Vai lá com tua mãe e pede-lhe um papel qualquer." E pede ao policia um tempinho enquanto o filho foi buscar o documento. A cigana deu um papel ao miúdo em branco. O cigano dá o papel ao polícia que exclama irritado: "Estás a gozar comigo, ou o quê? Isto não tem nada escrito!!!"
E o cigano responde: "Ai tal foi a pressa com que a criança veio que perdeu as letras no caminho!!"

Dois gémeos conversavam dentro de uma barriga alentejana. Dizia o primeiro:
- Atão! Será que existe vida depois do parto?
- Não sei. Nunca ninguém voltou para contar...

Uma comadre estava zangada com o seu marido, ao discutirem às tantas ela diz para ele, Oh homem tu ainda te atreves a olhar para mim?
Diz-lhe ele num tom conciliador:
Que queres oh mulher chega a uma altura que a gente acaba por se acostumar a tudo!

Um alentejano vai no comboio regional e dá-lhe uma grande "caganera". Vai para o WC mas está fechado... decide aliviar-se no corredor...
Entretanto chega o revisor e diz:
- "Sinto muito, mas vai ter de me acompanhar, e vou ter de dar parte ao chefe"
Ao que o alentejano responde:
- "Concerteza, e por mim até a pode dar toda..."

Chega um Japonês a um bar no Alentejo e diz:
- Soyha toyha poyha Coca-Cola !
Diz o Barmam muito admirado:
- O mê amigo disse que queria uma garrafinha bem fresquinha do quêi ????

Dois míudos alentejanos:
- Epá, porreiro, agora tenho um papagaio que diz tudo, diz "olá", "tás bom".
- Grande coisa, tenho lá em casa uma garrafa que diz "água das pedras".

Dizia um caçador lisboeta numa taberna do Alentejo:
- Hoje cacei 100 coelhos, 200 perdizes, 300 tordos.
Diz-lhe um alentejano:
- Atão uncêa é tal e cal coma mim.
- Ah! Então o senhor também é caçador?
- NÃ SENHORI, SOM MUNTA MENTIRÔSO...

Dois lisboetas iam pelo Alentejo, quando encontram um Alentejano sentado à sombra de uma azinheira. Resolvem chateá-lo um pouco e perguntam:
- Compadre, quanto tempo falta para chegar onde queremos ir?
- Uns 10 minutos, responde o alentejano.
- Mas como, indaga um dos lisboetas?
- É que esse é o tempo que demora para chegar onde eu caguei, e vocês estão com cara de quem quer ir à merda...

Numa das primeiras campanhas eleitorais depois do 25 de Abril, um partido de direita, para captar a simpatia dos alentejanos, prometeu que se fosse governo os alentejanos só trabalhariam seis meses por ano. Os partidos de esquerda, para não ficarem mal vistos, começaram a prometer que se fossem governo os alentejanos só trabalhariam um mês por ano. Num dos comícios em que só se falava em trabalhar um mês por ano, um alentejano, mais velho e desconfiado, pergunta a outro:
- Ó compadre, estou a ouvir bem ??!! O nosso candidato está a prometer que se for governo só vamos trabalhar um mês por ano ?
- É verdade compadre. Só vamos trabalhar 30 dias por ano.
- Ó compadre, e desses 30 dias quantos dias vamos tirar para férias ?

O primeiro ministro foi a barragem do Alqueva e no seu discurso disse:
- Prometo que esta barragem fica pronta daqui a 40 anos.
Um alentejano que estava a ouvir disse para o outro:
- Eh compadre, lá estão estes gajos com a mania das pressas.

Um alentejano vem a Lisboa e mete-se num taxi Mercedes. A estrela a meio do capôt chama-lhe a atenção e pergunta ao taxista para que serve aquilo. Perante tal pergunta o taxista resolve gozar com ele e diz-lhe que é um ponto de mira.
- Um ponto de mira para quê?
- Está vendo aquela velha ali? Pois olhe.
E aponta o taxi em direcção à velha e, no último momento, desvia o taxi. Para seu espanto, ouve um estrondo e vê a velha pelo ar.
- Um ponto de mira, mas se eu não abria a porta não acertava na mulher!!! - diz o alentejano.

Um alentejano casou com uma ganda mula duma sueca e cinco anos depois quando estavam a comemorar o aniversário de casamento o alentejano resolve confessar uma coisa à sua mulher:
- Sabes, querida, eu nunca te tinha dito isto antes porque não sabia qual é que seria a tua reacção, mas acho que tenho mesmo que te confessar: É que eu sou daltónico...
- Pois é, amor, eu também tenho uma coisa para te confessar: Eu não sou sueca, sou Africana!

No Alentejo era costume se colocar um par de cornos em cima do capôt dos automóveis. Um compadre queria enfeitar assim o seu carrito, e lembrou-se lá do seu compadre que criava vaquinhas e foi-lhe fazer uma visita.
- Compadre, eu queria uns cornos para enfeitar o meu carro, vocemecê não me arranja uns? - Está bem compadre, quando eu matar uma vaquinha arranjo-lhe isso.
Duas semanas depois, estava o primeiro a passear na sua bicicleta e passa à porta do compadre e este chamo-o.
- Compadre, já tenho a encomenda que me pediu.
- Que maçada, agora estou com a bicicleta, como vou levar isso?
- Não faz mal. Vai a pé e leva a bicicleta numa mão e os cornos na outra.
E lá foi, pelo caminho passa por outro compadre e este diz-lhe:
- Ê compadre!!!! Não me diga que teve um acidente!!

Um alentejano vai ao médico e este receita-lhe uns supositórios que o alentejano compra numa farmácia. Algum tempo depois encontram-se e o médico pergunta:
- Então, que tal se tem dado?
- Olhi, dôtôri, ê custa-mi munto é a ingulir aquelas côzas!
- Mas você toma-os pela boca???
- Queria quê os metêssi no cu, não?

Um turista chega a beira de um alentejano e pergunta-lhe:
- Já nasceu aqui algum grande homem?
- Na senhori. Aqui só nascem crianças!...

Um alentejano chega a casa a correr e exclama:
- Maria, ganhei o totoloto. Faz as malas.
- E levo roupa de verão ou de inverno?
- Leva todas, vais para casa da tua mãe!

Porque é que em Lisboa a maior parte dos policias são alentejanos?
Porque são bons guardadores de gado...

Três lisboetas com a boca torta vão para um hotel. Quando lá chegam, pedem um quarto e, quando lá chegam, deparam-se com um problema. O hotel era velho e a única luz era uma vela. Ora, como tinham a boca torta, sopraram e sopraram, voltaram a soprar mas não a conseguiram apagar.
Nisto chega um alentejano, também com a boca torta. O recepcionista, vendo as semelhanças, despacha-o para o quarto dos lisboetas. Quando lá chega, os lisboetas, no gozo, pedem-lhe para apagar a luz. O alentejano, para não se cansar muito a soprar, molha o dedo na boca e apaga a luz.

Sabem porque é que os alentejanos põem uma pedras em cima do rádio?
Para ouvirem música pesada

Sabem porque é que os alentejanos quando vão dormir têm sempre uma pistola e um copo de água na mesinha de cabeceira?
Para matarem a sede.

ANEDOTAS À ALGARVIA

Humor Algarvio

Pergunta o miúdo à mãe:
- Ó mãe, o qué um insete ?
Responde a mãe:
- Ê cá nã sê, perguntá mana …
O miúdo vai ter com a irmã:
- Ó mana, o qué um insete?
Sem muita paciência para o puto, responde a irmã:
- Pôs nã sê… perguntó pai!
O miúdo vai então tentar a sorte com o pai:
- Ó pai, o qué um insete ?
E responde o inteligente do pai:
- Ó mê granda burre… um insete sã Oite!

Ainda a rir? Então vamos contar outra...

Um cão vai de férias para o Algarve.
Quando lá chega encontra um gato e, dirigindo-se a ele faz: 
– “Ão!!!”
E o gato: – “Ão!!!”
Pergunta o cão: – “Ão”?! Mas tu não devias fazer “Miau”?! 
Responde o gato: – Sabes?! Aqui no Algarve, quem não sabe mais que uma língua está xeringado!…


Mamã, dá-me 1 euro para dar a um homenzinho que está a gritar muito na rua.
– Que rico coração! E o que diz o homem, meu filho? 
– Quentes e boas!…

A Lenda das Amendoeiras em Flor

Há muito tempo, antes da independência de Portugal, quando o Algarve pertencia aos mouros, havia ali um rei mouro que desposara uma rapariga do norte da Europa, à qual davam o nome de Gilda.

Era encantadora essa criatura, a quem todos chamavam a "Bela do Norte", e por isso não admira que o rei, de tez cobreada, tão bravo e audaz na guerra, a quisesse para rainha.
Apesar das festas que houve nessa ocasião, uma tristeza se apoderou de Gilda. Nem os mais ricos presentes do esposo faziam nascer um sorriso naqueles lábios agora descorados: a "Bela do Norte" tinha saudades da sua terra.
O rei consegui, enfim, um dia, que Gilda, em pranto e soluços, lhe confessasse que toda a sua tristeza era devida a não ver os campos cobertos de neve, como na sua terra.
O grande temor de perder a esposa amada sugeriu, então, ao rei uma boa ideia. Deu ordem para que em todo o Algarve se fizessem plantações de amendoeiras, e no princípio da Primavera, já elas estavam todas cobertas de flores.
O bom rei, antevendo a alegria que Gilda havia de sentir, disse-lhe:
- Gilda, vinde comigo à varanda da torre mais alta do castelo e contemplareis um espectáculo encantador!
Logo que chegou ao alto da torre, a rainha bateu palmas e soltou gritos de alegria ao ver todas as terras cobertas por um manto branco, que julgou ser neve.
- Vede - disse-lhe o rei sorrindo - como Alá é amável convosco. Os vossos desejos estão cumpridos!
A rainha ficou tão contente que dentro em pouco estava completamente curada. A tristeza que a matava lentamente desapareceu, e Gilda sentia-se alegre e satisfeita junto do rei que a adorava. E, todos os anos, no início da Primavera, ela via do alto da torre, as amendoeiras cobertas de lindas flores brancas, que lhe lembravam os campos cobertos de neve, como na sua terra.

LENGALENGAS


Quais, quais?
Oliveiras, olivais,
Pintassilgos, rouxinóis,
Caracóis, bichos "móis",
Morcegos, pássaros negros,
Tarambolas, galinholas,
Perdizes, codornizes,
Cartaxos e pardais,
Cucos, milharucos,
Cada vez há mais.

A arvelinha pequenina
Que nesta terra é estrangeira,
Veio fazer a sementeira
Para comer a minhoquinha.
Assim que se achou gordinha
Foi para a sua terra outra vez.

E o cartaxo era maltês,
"Garreou" com o papa-figos.
O lobisomem, que era amigo,
Veio acudir à "garreia".
Trazia a barriga cheia,
Fizeram dele um tambor.
E o mocho, que era administrador,
Pôs com eles na cadeia!

PRAGAS

- Havias de ter uma doença tão grande ou tão pequena que a água do mar feita em tinta não desse para escrever a receita.

- Oxalá que vivas toda a vida tão desassossegada, como me desassossegaste a minha!

- Oxalá que te seques como as palhas!

- Tantos trabalhos tenhas, como de "fezes" me trazes!

- Trabalhos te persigam, maldito!

- Maldito sejas magano d’aquele corno!

- Um raio viera que te partisse, malvado!
- Hás-de morrer numa Sexta-Feira com o *rabo* cheio de bichos, seu cão tinhoso.

- Raios te abrasassem o corpo e a alma.

Lenda da costureirinha

Por todo o Baixo Alentejo são muitas as pessoas que dizem ouvir, por vezes, o som de uma máquina de costura que trabalha sem parar. Diz quem ouve que o som é tão nítido que se pode mesmo reconhecer o som do pedal da máquina e da linha a partir. Estes inexplicáveis sons deram origem à Lenda da Costureirinha, história de que poderemos ouvir várias versões se percorrermos o concelho de Alcácer do Sal.

Segundo uma das versões, em tempos que já lá vão, uma certa costureira fez um vestido de noiva para a filha mas esta morreu antes do casamento. Cheia de tristeza, a senhora terá continuado a costurar por toda a eternidade.

Numa outra versão da história, uma costureira tinha um marido alcoólico, sendo obrigada a trabalhar dias a fio, sem parar, para poder sustentar a família. Reza a lenda, que nem mesmo depois de morta terá parado de costurar.

Conta-se ainda que uma certa costureira adoeceu gravemente. Com intuito de recuperar a sua saúde, prometeu que doaria a sua máquina de costura caso melhorasse. Porém, assim que recuperou esqueceu-se do prometido, por isso, quando faleceu, como castigo, foi obrigada a continuar a costurar.


Por fim, numa outra versão da lenda, uma costureira prometeu fazer um manto para oferecer a Nossa Senhora. Como não o fez, depois de morta foi condenada a levar uma vida errante até cumprir a sua promessa.

PROVÉRBIOS

Se o Inverno não erra caminho, têmo-lo pelo S. Martinho.
Se o sapo canta em Janeiro, guarda a palha no sendeiro.
Se o velho pudesse e o novo quisesse, nada havia que não se fizesse.
Se queres ser bom alheiro, planta alhos em Janeiro.
Se queres um bom alhal, semeia-o antes do Natal.
Se queres ver o teu corpo, abre o teu porco.
Se queres ver o teu marido morto, dá-lhe couves em Agosto.
Seda em Janeiro, ou fantasia ou falta de dinheiro.
Segundo lá escolhestes, assim cá vos contentai.
Semana Santa molhada, terra alterada.
Semeia e cria, e viverás com alegria.
A boda e a baptizado, não vás sem ser convidado
A caridade começa por nós próprios
A cavalo dado não se olha o dente 
A esperança é a última a morrer
A felicidade é algo que se multiplica quando se divide
A fome é o melhor tempero
A função faz o órgão
A galinha da vizinha é sempre melhor que a minha
A galinha que canta como galo corta-se-lhe o gargalo
A lã nunca pesou ao carneiro
A merda é a mesma, as moscas é que mudam
A minha liberdade acaba onde começa a liberdade dos outros
A mulher e a pescada, querem-se da mais grada (engraçada)
A mulher e a sardinha, querem-se da mais pequenina
A noite é boa conselheira
A ocasião faz o ladrão
 A ociosidade e a ignorância são mãe de todos os vícios e doenças
A rico não devas e a pobre não prometas
A uns morrem as vacas, a outros parem os bois
Agora, já a gaivota caga na bóia [Já vem tarde]
Agora é tarde e Inês é morta
Água do rio corre para o mar
 Água mole em pedra dura tanto bate até que fura
Águas passadas não movem moinhos
Ainda que sejas prudente e velho, não desprezes o conselho (Graciosa)
 Alentejanos, algarvios e cães de caça, é tudo da mesma raça
Amarra-se o cavalo, é vontade do dono. Albarde-se o cavalo à vontade do dono.
Amigo não empata amigo
Amigos amigos, negócios à parte
Amigos dos meus amigos, meus amigos são
Amor com amor se paga
Amor e fé nas obras se vê
Antes que cases vê,  olha o que fazes
Antes que o mal cresça, corta-se-lhe a cabeça
Antes quero asno que me leve, que cavalo que me derrube (Farça de Inês Pereira )
Antes só que mal acompanhado
Ao menino e ao borracho põe Deus a mão por baixo
Aos olhos da inveja todo o sucesso é crime
Assim como vive o Rei, vivem os vassalos
Até S. Pedro o vinho tem medo
Atirei no que vi e acertei no que não vi
Atrás de mim virá quem bom de mim fará (dirá)
Azeite de cima, mel do meio e vinho do fundo, não enganam o mundo
 Baleias no canal, terás temporal (São Jorge)
Barcos virão, novas trarão (Corvo)
 Bem mal ceia quem come de mão alheia
 Bem toucada, não há mulher feia (São Miguel)
Boa árvore, bons frutos
Boi em terra alheia é vaca
Boi velho gosta de erva tenra (Faial)
Brigas de namorados, amores dobrados
Burro velho não aprende línguas
Cada cabeça cada sentença

Anedotas

1-O que é que os alentejanos chamam aos caracóis?
 Animais irrequietos.

2-Porque é que os alentejanos gostam de tomar a bica na casa de banho?
 É para tomarem a bica com cheirinho.

 3-O que é que um alentejano espera depois da seca?
 Que as vacas dêem leite em pó.

4-O que é que fazem 17 alentejanos à porta do cinema?
 Estão á espera de mais um porque o filme é para mais de 18.

5-Qual é a diferença entre um cancro e um alentejano?
 O cancro evolui e o alentejano não.

6-Qual é a melhor universidade do mundo?
 É a de Évora, porque entram para lá alentejanos e saem de lá engenheiros.

7-Porque é que os alentejanos semeiam alhos nas bermas da estrada?
 Porque dizem que o alho faz bem à circulação.

8-Como é que se conhece um alentejano numa praia de nudistas?
 É o que tem o cú cheio de calos.

9-Porque é que os alentejanos limpam o cú de trás para a frente?
 É porque assim aproveitam e estrumam os tomates.

10-Qual a diferença entre um autocarro de alentejanos e um autocarro de porcos?
 A matricula.

Nota: Não queremos ferir a sensibilidade de ninguém, apenas queremos reproduzir algumas piadas típicas.

CULTURA E TRAJES DO ALGARVE




Alguns trajes estão ligados às profissões e/ou condição social. Assim, nos grupos folclóricos ou etnográficos, podemos observar trajes que retratam profissões como camponeses, padeiros ou aguadeiros.

A alma de um povo

O movimento acelerado da música e o colorido dos trajes são a alegria do folclore algarvio. O “corridinho”, o “baile de roda” e o “baile mandado”, em que os dançarinos executam os movimentos que lhes dita o “mandador”, são as danças que melhor identificam o Algarve. Ouve-se o tilintar dos ferrinhos, o acordeão solta as notas endiabradas e os pares rodopiam. Se as danças populares do Algarve são um corrupio, já certos cantares tradicionais apresentam uma faceta bem diferente da alma algarvia. É o caso das cantigas de trabalho que acompanham o ritmo da ceifa, nos campos. Há ainda as canções de embalar e os romances, que podem ser lentos e arrastados ou vivos como marchas. Normalmente, as letras são adaptadas ao tempo e às circunstâncias em que se cantam.

Atualmente, já não são os camponeses que cantam, mas os grupos folclóricos e os conjuntos de música tradicional que se apresentam ao longo de todo o ano em hotéis, restaurantes, feiras e festas tradicionais.

O típico traje algarvio tem as seguintes características:

Mulheres
 
-Saia comprida, de cor única e garrida, barra de fitas coloridas;
-Saiote branco, com rendas;
-Blusa às flores, mangas compridas, enfeitadas com rendas;
-Avental pequeno branco ou florido, com rendas;
-Meias altas brancas de linho rendadas;
-Botas de meio cano, de cor castanha;
-Na cabeça, lenço florido e chapéu de feltro de cor preta.


Homens
-Calça preta;
-Meias brancas;
-Botas de meio cano, pretas ou sapato preto;
-Camisa branca;
-Colete preto;
-Lenço vermelho ou outra cor ao pescoço;
-Cinta preta ou azul escuro;
-Na cabeça, chapéu de feltro de cor preta.

PRAGAS


Vamos falar um pouco sobre as pragas do nosso Algarve. Os nossos habitantes levam tudo isto em forma de brincadeira e até nos fazem sorrir. Estas pragas são muito conhecidas por milhares de habitantes da zona de Monte Gordo, Fuzeta e Alvor.

Agora deixamos-vos aqui algumas pragas:

Ah moce marafade! havia de te dar uma dor de barriga tã grande, tã grande, que tevesses que correr e cande más corresses más te doesse e cande parasses arrebentasses.

Oh moce dum cabrão, havia de te crescer um par de cornos tã grandes, tã grandes, que dois cucos a cantarem, cada um na sua ponta, não se ouvissem um ao outro.

Ah moça maldeçoada, havias de apanhar tante sol, tante sol, que t’aderretesses toda e fosse preciso apanhar-te às colheres com’à banha.

Quêra Dês que toda a comida qu’hoje quemeres, amanhã a vás cagar ao cemitério já de olhos fechados.

Um destes dias, “se Dês queser” volto com outras pragas. Até lá, que não vos doa a barriga.

Ah maldeçoade, havias de ter uma doença tã grande, tão grande, ca água do mar transfermada em tinta na desse pa escrever o nome dela.

Oh maldeçoade, só queria que tevesses sem um tostão ferade na alzebêra, que visses uma cartêra cheia de notas caída na rua e quando te fosses abaixar pr’á apanhar te caísse a tampa do peito.

Amaldeçoade môce, havia de te dar uma dor tã grande, tã grande, que só te passasse com o sumo de pedra.

Havias de ter uma fome tã grande ou tã pequena, que cabessem os alcatruzes todos que tem o mar dentro da tua barriga.

Que te desse uma traçã no beraco desse rabo, que tevesses sem defecar oito dias e quando c*gasses só c*gasses figos de pita inteiros.

Ah marafada, havias de fecar tão magra, tão magra, que passasses po beraco duma agulha de braços abertos.

Ah maldeçoada, havia de te dar uma dor tã fina, tã fina, que ficasses enrolada que nem um carro de linhas.

Havia de lhe dar uma febre tã grande, e tão pequena, que lhe derretesse a fevela do cinte e os betons da farda.

Oh maldeçoado moce, havias de ter uma dor tã grande, tã grande, que te desse p’andar. Mas que andasses tante, tante, que gastasses as pernas até aos joelhes.

A Febre
Um zaragateiro embriagado provoca tal desordem que obriga a intervenção de um soldado da GNR, que acaba por detê-lo. A mulher do zaragateiro, indignada, profere a seguinte praga contra o soldado:
“Permita Deus que tenha uma febre tão grande, tão grande que lhe derreta a fivela do cinto.”

O Cúmulo da magreza
“Permita Deus que fiques tão magro, tão magro, que possas passar pelo fundo de uma agulha de braços abertos.”

Uma grande dor
“Não sabia dar-lhe uma dor tão grande que nunca mais parasse, que quanto mais corresse mais lhe doesse e, se parasse, rebentasse…”

Um bichoco*
“Permita Deus que tenhas um bichoco tão grande e tão ruim que todo o algodão que há no mundo não chegue para o tratamento”
*bichoco é, no falar algarvio, um furúnculo, tumor ou ferida com crosta.

O tampo do pêto
Praga rogada a um avarento:
“Permita Deus que aches uma carteira cheiinha de dinheiro, mas quando t' abaixares para a apanhar te caía o tampo do peto”

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Dicionario do Alentejo e do Algarve

Glossário do Alentejo (Modificado de: http://nortealentejano.blogspot.pt/2010/02/vocabulario-de-carreiras-aldeia-da.html
A
ABARRUNTÉR – gabar-se excessivamente; ex.: gosta de abarruntér – gosta de gabar -se
ABÊBRA – figo negro; ex.: licor de abebra – licor de figo negro
ABELHÊRA – ligação amorosa (extraconjugal); ex.: estou numa abelheira – estou numa relação amorosa
ABESPRÃO – rezingão; ex.: pessoa que fala com violência verbal - ele está rezingão.
AGUADO – espantado; perturbado; ex: ele está espantado: _ ele está espantado.
AGUÇÉR – despertar; ex.: ele está aguçer - ele está a despertar.
AGUÇOSO – diligente; ex.: nós estamos aguçosos- nós estamos diligentes.
AIVADO – coxo; aleijado; ex: ele esta aviado – ele esta coxo.
ALACADO – magro; enfraquecido: ex; ela está alaçada - ela é magra.
ALCATRUZES – seios com um tamanho considerado excessivo: ex.: aquela mulher tem uns alcatruzes; _aquela mulher tem uns seios grandes.


B
BADAL – conversa; ex: nós estávamos a badal -nós estava-mos a conversa.
BADAMECO – pessoa que não cumpre a sua palavra; ex: aquela pessoa está badameco-aquela pessoa que não cumpre a sua palavra.
BADANA – trabalho aborrecido; ex: nós estávamos a badana-nós estava-mos no trabalho.
BAFRUNHÊRO – bisbilhoteiro; curioso; ex: ele é bafrunhéro _ele é bisbilhoteiro.
BAIXOS – rés-do-chão de uma casa; ex: ele mora no baixos _ele mora no rés-do- chão de uma casa.
BAJA – vage ; ex: eu como uma baja _eu como uma vaje.
BAJANCA – cova; buraco fundo; ex: ele fez uma bajanca  _ ele fez uma cova.
BAJÔJA – pessoa desajeitada ou com pouca inteligência; ex: ela é uma bajója _ela é uma pessoa desajeitada.
BALALAICAS – sapatilhas de enfiar no dedo do pé; ex: ela usa umas balalaicas _ela usa umas sapatilhas de enfiar no dedo do pé.
BALDÕES, AOS – sem apoio; ex: eles estão baldões – eles estão sem apoio.
adolescente.


C.
CABECINH' ÀRRÃ - pessoa com falhas de memória; ex: aquela pessoa está com a cabecinha´árrã-aquela pessoa está com falhas na memória.
CABRA MACHANECA – pessoa indolente, sem vontade própria; ex: aquela pessoa está á cabra machaneca -aquela pessoa está indolente.
CABRAS – queimadura nas pernas, resultante da exposição destas ao calor da braseira de picão.
CACANHO - muco nasal ; ex: que cacanho - que muco nasal.
CAÇAPO – coelho com poucos dias de vida; ex: eu tenho um caçapo-eu tenho um coelho com poucos dias de vida.
CACHÃO – borbulha da água quando nasce ou jorra; aquele rapaz tem cachão-aquele rapaz tem uma borbulha.
CACHAPORRA – cajado com cerca de um metro que possui uma bola no fundo, resultante da raiz da planta.
CAÇO – concha para tirar a sopa da panela ou da terrina; ex: eu tenho um caço -eu tenho uma concha.
CACHOPÊRO – pessoa que gosta de lidar com crianças; ex: eu tenho que contratar um cachopêro- eu tenho que contratar uma pessoa que gosta de lidar com crianças.
CADELA – banco de madeira feito a partir da pernada tripartida de um sobreiro ou de um carvalho.
 
 
 D.
DEIXAR A PÃO E LARANJAS – deixar sem resposta; ex: aquela pessoa deixou-me a pão e laranjas-aquela pessoa deixou-me sem resposta.
DEIXAR-SE IR NO ORIBÓL – ser enganado, ex: ele detesta deixar-se ir no oriból -ele detesta ser enganado.
DENTANA – gozão; ex: ele é mesmo dentada - ele é mesmo gozão.
DENTE DE COELHO – esperteza; ex: aquela rapariga tem cá um dente de coelho -aquela rapariga tem cá uma esperteza.
DERRANGADO – dependurado; ex: o rapaz está derrangado  -  o rapaz está dependurado.
DERRANGAR-SE – dependurar-se; ex: ele está a derrangar-se -ele está a dependurar-se.
DERREGAR – dissolver; ex: o açúcar está a der regar no café -o açúcar está a dissolver-se no café.
DERRIÇO – namoro; actividade prazerosa; ex: aquele rapaz pediu-me em derriço -aquele rapaz pediu-me em namoro.
DESADORADO – dolorido; ex: o miúdo veio todo desadorado para casa-o miúdo veio todo dolorido para casa.
DESALVORIDO – desorientado; sem rumo; ex: uma pessoa ás vezes anda desalvorido -uma pessoa ás vezes anda desorientada.

E
EGUARIÇA – mula filha de uma égua e de um burro; ex: o meu vizinho tem uma eguariça-o meu vizinho tem uma mula.
EMBALHANADO – atordoado; apatetado; ex: o coelho está embalhanado-o coelho está atordoado.
EMBARBELHÉR – enganar; ex: o meu vizinho gosta muito de embarbehér-o meu vizinho gosta muito de enganar.
EMBEZERRADO – com a face vermelha; ex: aquele velhote está embezerrado -aquele velhote está com a face vermelha.
EMPALAGOSO – chato; ex: que empalagoso- que chato.
EMPAPLUÇAR – inchar; ex: estou a empapluçar -estou a inchar.
EMPLICHAR – recuperar de uma doença; reverdecer; ex: a criança está a emplichar -a criança está a recuperar de uma doença.
EMPLÔRÉDO – inchado; ex: o meu amigo está todo emplôredo -o meu amigo está todo inchado.
EMPLORÉR-SE – pôr-se num sítio alto; ex: ele emplorér-se - ele pôs-se num sítio alto.
EMPRANHAR VELHAS – realizar uma tarefa vagarosamente; ex: detesto empranhar velhas -detesto realizar uma tarefa vagarosamente.
ENTRAR COM – enganar; pregar uma partida; ex: estás me a entrar com - estás me a enganar.
ENTRÁS – cancro; ex: o miúdo está com entras – o miúdo está com cancro.
ENTREMENTES – entretanto, ex: entrementes vais fazer aquilo - entretanto vais fazer aquilo.
ENTREMOÇADA – diz-se da batata que, depois de cozida, se estraga; ex: a batata está entremoçada-a batata está estragada.
ENTRETENGA – entretenimento; ex: a televisão tem muita entretenga-a televisão tem muito entretenimento.
ENTROPEÇAR – tropeçar; ex: ele entropeçou no gato -ele tropeça no gato.
ENVENANAR – irritar; ex: estás a me envenanar - estás a me irritar.
ENXURRO – entulho resultante duma enxurrada; ex: o rio está todo cheio de enxurro - o rio está todo cheio de entulho resultante duma enxurrada.
ENZUMINÉR – enganar; ludibriar; ex: o moço está a enzuminér - o moço está a enganar.
ERVACÊDO – terreno coberto de erva densa; ex: eu tenho ervacêdo - eu tenho um terreno coberto de erva densa.
ERVAÇUM – erva densa; ex: está tudo coberto de ervaçum -está tudo coberto de erva densa.
'SBARRONDADO – arruinado; ex: está tudo ‘sbarrondado - está tudo arruinado.
‘SBORTIÉDO – borrado; vomitado; ex: o miúdo está todo ‘sbortiédo - o miúdo está todo borrado.
‘SCALAFRIO – arrepio de frio; ex: que grande ‘scalafrio- que grande arrepio de frio.
‘SCALDAR – vender caro; ex: o motorista ‘scaldar os bilhetes - o motorista vende caro os bilhetes.
'SCALDA-RABOS – susto; ex: eu apanhei um ‘scalda – rabos - eu apanhei um susto.
‘SCALMURRA – calor atmosférico intenso;
 Ex: está cá um ‘scalmurra - está cá um calor atmosférico.
‘SCANCHADA – passo largo; ex: eu ando de ‘scanchada - eu ando de passo largo.
‘SCANCHAPERNA – ângulo entre duas pernadas duma árvore.
‘SCAPATÓRIO – razoável; ex: a comida está ‘scapatório - a comida está razoável.
‘SCARAVÊLHA – mulher muito trabalhadora; ex: a minha mãe é ‘scaravêlha- a minha mãe é um mulher muito trabalhadora.
‘SCARRAPANCHADO – montado, com as pernas abertas; ex: o rapaz vai ‘scarrapanchado no cavalo-o rapaz vai montado, com as pernas abertas no cavalo.
‘SCOALHO – chocalho; ex: o gato tem um ‘scoalho - o gato tem um chocalho.
‘SCORREGAR – dar dinheiro, ex: as pessoas estavam a dar ´scorregar - as pessoas estavam a dar dinheiro.
‘SCULATÊRA – chocolateira; mulher coscuvilheira, ex: eu comprei um ´sculatêra -eu comprei uma chocolateira.
‘SCULÉTE – chocolate, ex: ele adora ‘sculéte -ele adora chocolate.
‘SCUMA – espuma, ex: a máquina de lavar faz muita ‘scuma - a máquina de lavar faz muita espuma.
‘SCUMÊRA – avarento; ex: o velho é ´scumêra-o velho é avarento.
‘SFOMIÉDO – avarento; ex: o rapaz é ‘sfomiédo-o rapaz é avarento.
‘SFRUNHADÔRO – gilbardeira; ex: eu ‘sfrunhadôro- eu limpei a chaminé com gilbardeira.
‘SFRUNHÉR – limpar a chaminé com gilbardeira; ex: eu ‘sfrunhér- eu limpei a chaminé com gilbardeira.
‘SGADANHAR – coçar com intensidade a pele; esforçar-se para atingir um objectivo; ex: eu  ‘sgadanhar a pele eu cocei a pele com intensidade.
‘SGALHA, NA – com grande velocidade; ex: aquele carro ‘sgalha
‘SGALHAR – partir com grande rapidez, ex: aquele carro ‘sgalhar- aquele carro partiu com grande rapidez.
‘SGRAVULHÉR – procurar fundos para atingir as suas metas ou satisfazer as suas necessidades.
‘SGUMITÉR – vomitar; ex: eu ‘sgumitér- eu vomitei.
'SMICHÉDA – ferida; hematoma; ex: ele fez uma ‘smichéda - ele fez uma ferida.
‘SPANTAR-SE – fugir; abandonar; ex: aquele rapaz ‘spantar-  se- aquele rapaz fugiu.
‘SPARAVELA, À – sem agasalhos; ex: aquela velhota está ‘sparavela- aquela velhota está sem agasalhos.
‘SPARVÊRÉDO – esparvoado; ex: o menino está ‘sparvêrédo- o menino está esparvoado.
‘SPASSARADO – atordoado; ex: o cão está ‘spassarado- o menino está atordoado.
‘SPERAR O SOL – apanhar sol  ;ex: o velhote foi ‘sperar o sol- o menino foi apanhar sol.
‘SPINHELA – coluna vertebral.
‘SPINHELA CAÍDA – fraqueza geral no corpo.
‘SPIOLHÉR – inquirir para, depois, coscuvilhar.  
‘SPORÊTA – pessoa que se veste com roupas garridas, mal combinadas.
‘SPORREAR – ostracizar; ex: aquele edifício está ‘sporrear- aquele edifício está ostracizado.
‘STABANADO – pessoa com atitudes incompreensíveis, social e/ou mentalmente instável.
‘STABARDULHO – pessoa falsa e sem escrúpulos; ex: há pessoas tão ´stabardulho-há pessoas tão falsas e sem escrúpulos.
‘STALAR A CASTANHA NA BOCA – demonstrar uma convicção; ex: aquela mulher aestá‘stalar a castanha na boca -aquela mulher está a demonstrar uma convicção.
‘STÂNCIA – superfície de madeira ou de metal onde se prepara a massa do pedreiro.
‘STANHÊRA – estante de madeira onde se colocam os pratos; ex: eu. Tenho uma ‘stanhêra -eu tenho uma estante de madeira onde se colocam os pratos.
‘STAR A PÃO DE TRIGO – estar moribundo; ex: aquele cão ‘star a pão de trigo -aquele cão está moribundo.
‘STARALHÔQUÉDO – com tonturas; nervoso; ex: o menino está ‘staralhôquédo - o menino está com tonturas.
‘STARÔQUÉDO – com tonturas; nervoso; ex: a menina está ‘staroquédo -a menina está com tonturas.
‘STAVERNEIO – confusão; desarrumação; ex. Casa está um ‘staverneio -a casa está uma confusão.
‘STERQUÊRA – lixeira; ex: está cá uma ‘sterquera -está cá uma lixeira.
‘STEVÊRO – variedade de figo; ex: no mercado há muito ‘stevêro-no mercado há muita variedade de figo.
‘STÔRARIA – gritaria; ex: aquele rapaz faz cá uma ‘stôraria - aquele rapaz faz cá uma gritaria.
‘STREFENEFE – confusão; ex: eu detesto ‘strefenefe -eu detesto confusão.
‘STRIBAR-SE – tirar lucro ou benefício; fugir à responsabilidade; ex: aquele patrão está a ‘stribar-se-aquele patrão está a tirar lucro ou benefício.
‘STROPIADÊRO – barulho provocado pela cavalgada duma besta; ex: mas que grande ‘stropiadêro- mas que grande barulho provocado pela cavalgada duma besta.
‘SVÉCER – demorar-se em excesso, ex: o autocarro está a ‘svécer -o autocarro está a demorar-se em excesso.


F
FADINHO SERRANO – conversa chata, infindável, ex: eu detesto ouvir um fadinho serrano -eu detesto ouvir uma conversa chata.
FALCA – pequenos pedaços de cortiça resultantes da descasca da lenha de sobro.
FANDANGARIA – pessoas sem qualidade moral; ex: aquela pessoa não tem fandangaria nenhuma -aquela pessoa não tem qualidade moral nenhuma.
FANDANGO – prostituta; pessoa ruim; ex: na estrada há cada vez mais fandangas -na estrada há cada vez mais prostitutas.
FANDUNGA – avarento, ex: aquele miúdo é fandungo -aquele rapaz é avarento.
FANECO – pão; ex: a menina foi comprar o faneco - a menina foi comprar o pão.
FARÇOLA – adjectivo atribuído aos habitantes da freguesia da Ribeira de Nisa (Portalegre).  
FARINHEIRA, FAZER – ter problemas de erecção durante a relação sexual.
FARRESGO – companhia; divertimento; ex: o cão precisa de um farresgo
FATÊXA – dente grande.


G
GALADA – melancia em que se fez um galo; ex: pode galar a melancia e ver que é boa.
GALADO – ovo fecundado.
GALAR – fazer um galo; fecundar; ex: a menina galar -a menina fez um galo.
GALHAPANAS – rapaz de pouca idade; ex: o rapaz é galhapanas- o rapaz tem pouca idade.
GALINHA QUE CAÇA RATOS – alguém com boa posição social e que constitui apoio seguro.
GALO – corte que se faz nas melancias para ver se estão maduras ou saborosas; parte central da melancia.
GAL’ CAPÃO – adolescente; ex: o rapaz é gal’capão- o rapaz é adolescente.
GANCHO, DE – com personalidade difícil; ex: mas que gancho,de -mas que personalidade difícil.
GANHAR O QUÊJO D’ ÔRO – ter um casamento sem conflitos; ex: o Filipe teve de ganhar o quêjo d’ôro-o Filipe teve um casamento sem conflitos.
GANHAR SAPATOS NOVOS – contar uma novidade; ex: eu fui ao café e ganhei sapatos novos-eu fui ao café e contei uma novidade.


H
HONRA D’ ALEGRETE – sobra; resto; ex: eu comi honra d´alegrete do jantar de ontem- eu comi a sobra do jantar de ontem.


I
IMBEGUÉDA – barriga saliente; ex: o rapaz tem imbeguéda -o rapaz tem a barriga saliente.
IMBEGUÊRA – cordão umbilical; ex: a enfermeira cortou a imbeguêra- a emfermeira cortou o cordão umbilical.
IMPESTOR – vaidoso; ex: o meu amigo é impestor- o meu amigo é vaidoso.
INCONTABLIDADE – incompatibilidade; ex: o rapaz é incontablidade com a rapariga -o rapaz é incompatível com a rapariga.
INDA BEM NÃO – entretanto; quando menos se espera; ex: a menina inda bem não foi passear a floresta-a menina entretanto foi passear a floresta.
INDROMENÉR – enganar; ex: a menina está a indromenér o rapaz – a menina está a enganar o rapaz.
INGANIDO – encolhido; ex: o vestido está inganido -o vestido está encolhido.
INGARELAS – estrutura de madeira que, colocada sobre o dorso de um burro ou de um macho, permite o transporte de vasilhas.
INGIVA – gengiva; ex: o dentista diz que a ingiva está vermelha- o dentista diz que a gengiva está vermelha.
IR À FORJA – rejuvenescer; ex: a senhora fez um tratamento para ir a forja-a senhora fez um tratamento para rejuvenescer.


J
JAQUINA MELHÊNA – pessoa que gosta muito de beber chá; ex: a senhora é uma jaquina melhêna - a senhora é uma pessoa que gosta de beber chá.
JAVARDO – porco que ainda não foi capado; ex: o porco ainda não foi javardo- o porco ainda não foi capado.
JOÃVAZ – variedade de feijão; testemunha de Jeová; ex: eu comprei uma joãvaz – eu comprei uma variedade de feijão.
JOGAR À BUGALHINHA – manipular alguém; ex: eu não gosto de jogar á bugalhinha- eu não gosto de manipular alguém.
JÓSPIRES – dióspiro; ex: ele detesta jóspires -ele detesta dióspires.
JUDÊRÃO – pessoa que não respeita a religião católica; blasfemo; ateu.


L
LACÃO – chispe de porco; ex: fui ao talho e comprei lacão- fui ao talho e comprei chispe de porco.
LAFARUSO – pessoa mal vestida, sem cuidados mínimos de higiene; ex: aquela pessoa está larafuso -aquela pessoa está mal vestida.
LAGARTÊRO – adjectivo atribuído aos habitantes da freguesia de Alegrete (Portalegre).
LAMBARÃO – conversa; ex: o homem da tanto lambarão -o homem da tanta conversa.
LAMBARIÉR – conversar; ex: a minha avó gosta muito de lambariér - a minha avó gosta muito de conversar.
LAMBÉRÇO – abusador, pessoa que abusa da confiança que lhe dão; ex: o homem é muito lambérço - o homem é muito abusador.
LANÇAR FORA – vomitar; ex: a menina está a lançar fora – a menina está a vomitar.
LANGANHOSO – remeloso; pegajoso; ex: o cão está langanhoso –o cão está remeloso.
LÃ QUE VAI PRÀ BÊRA – tarefa facilitada; ex: eu dei a minha filha uma lã que vai prá bera – eu dei a minha filha uma tarefa facilitada.
LARGUEZA – quintal com uma extensão apreciável; ex: eu tenho uma largueza – eu tenho um quintal com uma extensão apreciável.


M
MAÇANCUCA – um dos frutos do carvalho, com a força de uma pequena bola esponjosa.  
MACHORRA – fêmea (humana ou animal) que não produz crias.
MADRINHAS – vacas que conduzem um touro ao curro no final da tourada; cabrestos.
MALACUECO – rebuçado; ex: fui ao supermercado e comprei um malacueco- fui ao supermercado e comprei um rebuçado.
MALANDAMOSO – diz-se do caminho onde é difícil transitar mesmo a pé.
MALANQUÊRAS – doenças; defeitos de personalidade; ex: aquele homem tem malanquêras- aquele homem tem doenças.
MALAQUETÃO – espécie de pêssego; alperce; ex: eu comprei um malaquetão - eu comprei uma espécie de pêssego.
MALASADO – desajeitado; ex: aquele menino é malasado - aquele menino é desajeitado.
MAL ATROGALHADO – mal vestido; ex: o meu vizinho anda mal atrogalhado- o meu vizinho anda mal vestido.
MAL DE CANGA, PIOR D’ ARADO – de mal a pior; ex: isto vai de mal de canga, pior d’ arado-isto vai de mal a pior.


N
NÃO ARMAR NADA – mostrar-se impotente na relação sexual; ex: o meu vizinho não armar nada- o meu vizinho mostra-se impotente na relação sexual.
NÃO CRER QUE HÁ BRUXAS – não acreditar no que está provado; ex: eu não creio que há bruxas- eu não acredito no que está provado.
NÃO MIJAR NO SEU PENICO – não merecer confiança; ex: um inimigo não mijar no seu penico – um inimigo não merece confiança.
NÃO TER BARRIGA PRA CALDOS – não ser capaz de guardar segredos; ex: há amigos que não ter barriga pra caldos - há amigos que não é capaz de guardar segredos.
NÃO TER UM TOSTÃO FURADO AO SOL – estar falido, sem dinheiro; ex: a empresa não ter um tostão furado ao sol – a empresa está falida.
NÃO TER UM TOSTÃO PARTIDO PLO MEIO – estar falido, sem dinheiro; ex: a loja não tem um tostão partido plo meio- a loja está falida.
NASCENÇA – cancro; ex: a rapariga tem nascença- a rapariga tem cancro.
NUVEDÉDE – colheita; rendimento da produção agrícola; ex: o rapaz foi a nuvedéde da amora- o rapaz foi a colheita da amora.
NUVRACÊRO – nevoeiro; ex: está cá um nuvracêro - está cá um nevoeiro.
NUVRINA – neblina; ex: está cá uma nuvrina- está cá uma neblina.


O
ÓCA - ocre amarelo ou vermelho; ex: eu comprei uma oca amarela- eu comprei um ocre amarelo.
ÔLHAMENTO - capacidade de respeitar as conveniências ou de retribuição na justa medida um favor.
OLHO DE FIGO CURIGO, TER – manifestar esperteza; ex: o rapaz olho de figo curigo, ter- o rapaz manifestou esperteza.
ONDE O DIÉBE PARIU A MÃE – muito longe; ex: o meu pai foi onde o diébe pariu a mãe -  o meu pai foi muito longe.
ÔSIÉR – guardar o gado; ex: a minha avó foi ôsiér- a minha avó foi guardar o gado.
ÔVIR TOCAR O SINO GRANDE – ser repreendido; ex: o menino foi ovir tocar o sino grande- o menino foi repreendido.


P
PACHELGAS – pessoa lenta; ex: aquela pessoa é pachelgas- aquela pessoa é uma pessoa lenta.
PADRE E SACRISTÃO, SER – falar muito; responder às suas próprias perguntas; ex: o miúdo é padre e sacristão- o miúdo fala muito.
PADRE-NOSSOS CASTELHENOS – resmungos; ex: as pessoas são padre-nossos castelhenos- as pessoas são muito resmungonas.
PAGUILHA – pagamento; ex: ele precisa de receber o paguilha- ele precisa de receber o pagamento.
PALAVRAS DITAS E RETORNADAS – conversa muito repetitiva; ex: o senhor faz umas palavras ditas e retornadas- o senhor faz uma conversa muito repetitiva.
PALHAÇA – queda; tombo; ex: a menina deu uma palhaçada- a menina deu uma queda.
PANELINHA – combinação secreta; pacto; conluio; ex: a mulher vestiu uma palhacinha- a mulher vestiu uma combinação secreta.
PANGAIADA – patuscada; convívio entre homens; ex: vou a uma pangaiada-vou a patuscada.
PANTALONAS – calças largas; ex: ele usou umas pantalonas- ele usou umas calças largas.
PIPI DA TABELA – habitante da cidade; ex: aquele senhor é pipi da tabela- aquele senhor é habitante da cidade.


Q
QUARTA – vasilha em chapa de zinco para o transporte de água ou leite, ex: eu comprei uma quarta- eu comprei uma vasilha.
QUARTEL – lugar de dormida durante a execução das tarefas agrícolas; ex: o trabalhador dormiu no quartel- o trabalhador dormiu no lugar de dormida.
QUÊJO D’ ÔRO – salvação eterna; ex: aquele homem é quêjo d’ôro -aquele homem é salvação eterna.
QUESCÓIDA – sujidade acumulada, difícil de limpar; ex: aquela casa está com quescóida- aquela casa está com sujidade acumulada.
QUINTO – pessoa da mesma idade; ex: eu sou do mesmo quinto que a minha amiga -eu sou da mesma idade da minha amiga.


R
RABACÊRO – que gosta muito de qualquer espécie de fruta; ex: a minha tia gosta de rabacêro- a minha tia gosta muito de qualquer espécie de fruta.
RABENELGA – resmungona; rebelde; ex: aquela criança é muito rebenelga ; ex: aquela criança é muito resmungona.
RABITA – viva, com vitalidade; ex: a coelhinha está rabita- a coelhinha está viva.
RABO ALÇADO, DE – zangado; ex: o professor está de rabo alçado -o professor está zangado.
RAIVOSA – nuvem pouco carregada; ex: está de chuva e no céu á uma raivosa- está de chuva e no céu á uma nuvem pouco carregada.
RAMBÓIA – boémia; ex: eu vou para a rambóia - eu vou para a boémia.
RAMONA – carrinha velha; ex: o meu vizinho comprou uma ramona- o meu vizinho comprou uma carrinha velha.
RASPA-CASSOLAS – insecto; ex: o carro passou e matou o raspa- cassolas- o carro passou e matou o insecto.
RATATAU – prato constituído por carne guisada com batatas; bodo dos pobres; ex: eu fiz um ratatau- eu fiz um prato constituído por carne guisada com batatas.
REBENTAR C’O CU C’MÀ CEGUÉRRA – falir; ex :a empresa está a rebentar c’o cu c´má ceguérra- a empresa está a falir.


S
SAIR O POMBO MOCHO – ver goradas as expectativas; ex: aquela criança viu sair o pombo mocho- aquele moço viu as goradas as expectativas.
SALAPISMO – problema; ex: ele tem um salapismo- ele tem um problema.
SALTE RATO - diz-se do tecto que tem grandes aberturas entre as tábuas do forro.
SAPATEIRA - diz-se da azeitona temperada depois de estragada.
SAQUIA – corrente de água poluída; lixeira; ex: o mar está com saquia- o mar está com corrente de água poluída.
SENÉIS – toque do sino a finados; ex: a igreja tem os senéis - a igreja tem o toque do sino afinados.
SERÃO P’RA TRABALHADORES – conversa chata, ininterrupta; ex: que serão p’ra trabalhadores- que conversa chata.
SOMANTA – sova; espancamento; ex: o rapaz levou uma somanta- o rapaz levou uma sova.
SORTES – inspecção militar; ex: o rapaz foi a sortes- o rapaz foi a inspecção militar.


T
TABUÃO – nódoa negra; ex: o senhor fez cá um tabuão- o senhor fez cá uma nódoa negra.
TAPADA, ENTRAR PRÀ – casar; ex: a senhora não quer tapada, entrar prá- a senhora não quer casar.
TAPONA – bofetada; ex: levas-te cá uma tapona- levas-te cá uma bofetada. 
TARASCA – coscuvilheiro ou coscuvilheira; ex: o meu vizinho é cá um tarasca- o meu vizinho é cá um coscuvilheiro.
TARECO – bisbilhoteiro; homem sem palavra; ex: aquele moço é tão tareco- aquele moço é tão bisbilhoteiro.
TARRO – vasilha térmica com asa feita em cortiça; ex: ele comprou um tarro- ele comprou uma vasilha térmica com asa feita em cortiça.
TÁTE! – Atenção! Ex:táte o circo vai estar aqui perto- atenção o circo vai estar aqui perto.
TÃVÁ – fórmula de despedida; adeus; ex: o menino está numa tãvá- o menino está numa fórmula de despedida.
TERRINCAR – roer os dentes uns nos outros;ex:eu estava a terrincar- eu estava a roer os dentes uns nos outros.
TIORGA – bebedeira;ex: que grande tiorga- que grande bebedeira.


U
ULEVÉL – olival; ex: que grande ulevél- que grande olival.
ULEVÊRA – oliveira; ex: que grande está a ulevêra - que grande está a oliveira.
UMBEGUÉDA – abdómen saliente; ex: aquele miúdo nasceu com o umbeguéda  - aquele homem nasceu com o abdómen saliente.

V
VAGATURA – tempo disponível; ex: será que há vagatura-será que há tempo disponível.
VENETA – birra;ex: mas que grande veneta- mas que grande birra.
VENHÀ-NÓS – lucro; este café não têm venha-nós nenhum – este café não têm lucro nenhum.
VENTAS DE PENICO – pessoa carrancuda;ex: esta pessoa é ventas de penico – esta pessoa é carrancuda.
VERTER ÁGUAS – urinar;ex: aquele miúdo está a verter águas – aquele miúdo está a urinar.
VIVEDIÉBO – pessoa ruim;ex: esta pessoa é mesmo vivediébo – esta pessoa é mesmo ruim.


X
XIXA – carne; ex: fui ao talho comprar xixa – fui ao talho comprar carne.


Z
ZANGARRADA – barulho; ex: mas que zangarrada – mas que barulho.
ZIPAR – roubar; ex: aquele miúdo vai zipar as sapatilhas – aquele miúdo vai roubar as sapatilhas.
ZOÊRA – barulho nos ouvidos; ex: a Maria foi ao médico porque tinha zoêra – a Maria foi ao médico porque tinha barulho nos ouvidos.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

CULTURA E TRAJES DO ALENTEJO

Caracterização do Baixo Alentejo 

Localização Geográfica
O Baixo Alentejo integra a extensa Região Alentejo, sendo limitado a norte pelo Distrito de Évora, a leste por Espanha, e a sul pelo Distrito de Faro. Esta sub-região integra 13 Concelhos: Aljustrel, Almodôvar, Alvito, Barrancos, Beja, Castro Verde, Cuba, Ferreira do Alentejo, Mértola, Moura, Ourique, Serpa e Vidigueira.

Principais Recursos
As principais actividades económicas do Baixo Alentejo desenvolvem-se em torno da exploração mineira (pirites), da silvicultura, da exploração das espécies cinegéticas, da agro-pecuária, pastorícia e produtos derivados, podendo tomar-se como exemplo a cortiça, o azeite, os queijos, os enchidos e presuntos, os vinhos, a aguardente de medronho e o mel.

O rio Guadiana, considerado um dos recursos naturais mais importantes do Baixo Alentejo, nasce em Espanha (nas belas lagoas de Olhos do Guadiana), e quando chega a Portugal, no Alentejo, segue a linha da fronteira. As suas paisagens, de elevado valor histórico e natural, são testemunhas vivas da acção humana que ao longo dos tempos transformou o coberto natural original numa diversidade de ecossistemas, adaptados à secura e aridez do clima.

Esta sub-região é fortemente marcada não só por um património cultural, que se reflecte nos sítios arqueológicos, castelos, igrejas, antigas minas, museus, e pequenas vilas e aldeias que com as suas construções tradicionais reflectem a diversidade das influências culturais a que esta região esteve sujeita.

Gastronomia
A carne de porco e de borrego são a base da gastronomia tradicional da sub-região, juntando-se-lhes ainda as espécies cinegéticas como o javali, o coelho, a lebre e a perdiz. O pão, o azeite e as ervas aromáticas são ingredientes fundamentais desta cozinha mediterrânica, dando sabor às sopas, migas, ensopados e açordas. Os vinhos, queijos, enchidos e presuntos – alguns com Denominação de Origem – são elementos indispensáveis da boa mesa alentejana. Os ovos, a gila e a amêndoa são elementos integrantes da confeitaria, sendo de salientar a doçaria conventual. Cada localidade tem as suas especialidades gastronómicas.


Costumes e Tradições
No Baixo Alentejo, o barro, as varas de vime, a cortiça, o ferro, a madeira, a lã e o linho são transformados em peças de artesanato que mantêm viva a memória colectiva. Peças que sobrevivem ao passar dos anos e traduzem a alma de um povo. As suas gentes, com os seus saberes, experiência, tradições e cultura, dão vida e alma aos objectos inertes. Também as festas religiosas e populares dão vida a essa memória, todas as aldeias e vilas embelezam-se para festejar os seus santos padroeiros especialmente no período de Verão. As feiras, outrora espaços privilegiados de convívio e comércio, modernizam-se hoje em mostras das actividades e produções locais. Também o convívio em torno do Cante Alentejano é pretexto para encontros nas várias localidades que têm tradição nesta arte.

Gostamos da nossa terra, das suas casas de branco caiadas. compreendermos os brandos costumes do Homem Alentejano que a imensidão da planície moldou, a sua dignidade e as razões que não permitiram a sua degradação. Só um profundo mergulhar nas nossas tradições, usos e costumes, nas nossas raízes histórico-culturais nos poderá ajudar a descobrir a beleza, a imaginação e graça das nossas Aldeias e Vilas, a diversidade que nos pode oferecer a imensidão da planície de restolho e cal bordada. A personalidade e dignidade do povo que somos.

Os Cantares Alentejanos de entre toda a música tradicional portuguesa têm características únicas, singulares, fruto de uma região e de um povo único. Localizado entre o Tejo, Guadiana e a Serra algarvia, não esquecendo o Atlântico, o Alentejo foi moldando um povo forte, trabalhador e unido, que suporta dificuldades pelo isolamento e aridez de suas terras.

As suas músicas características do Cantar
Alentejano são normalmente músicas de trabalho, transmitindo temas que são muito próximos às pessoas do campo. As cantigas amorosas, assim como as cantigas religiosas, existem em todo o Alentejo, sendo que as cantigas relativas ao trabalho e às profissões são bastante diferentes de uma povoação para a outra. A dispersão dos povoados no Alentejo levou a uma “especialização” dos habitantes em certos tipos característicos de profissões e actividades, sendo esse facto bem presente nas modas que cada povo canta. É frequente ouvirmos modas dedicadas às ceifeiras, mineiros, pescadores, vindimadores, cardadores, etc. Outro tema muito querido ao Cante é o bairrismo, como se demonstra pela grande quantidade de modas dedicadas a diversas povoações de todo o Alentejo.

PROVÉRBIOS


- Águas passadas não movem moinhos.  

- As paredes têm ouvidos.  

- A pensar morreu um burro.  

- A união faz a força.  

- Antes que o mal cresça corta-lhe a cabeça.  

- Até S. Pedro de vinho tem medo.  

- Atrás de tempo tempo vem.  

- A verdade é como o azeite, vem sempre à tona da água.  

- A preguiça morreu de sede à beira da água.  

- Alentejanos, algarvios e cães de caça é tudo da mesma raça.  

- A rico não devas e a pobre não prometas.  

- Amor com amor se paga, e com desdém se paga também.  

- A tua fama longe soa e mais depressa a má, que a boa. 

- A mentira só dura enquanto a verdade não chega.  

- Ande o frio por onde andar, no Natal cá vem parar.  

- A cavalo dado não se olha o dente.  

- A palavras loucas, orelhas moucas.  

- Antes a pobreza honrada do que riqueza roubada.  

- Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.  

- Amigo verdadeiro, vale mais do que o dinheiro.  

- Ao bom darás e do mau te afastarás.      

- Apanha o cajado quem se mete onde não é chamado.  

- Aos meninos e ao borralho põe-lhe Deus a mão por baixo.  

- Amigo não empata amigo.  

- Cá se fazem cá se pagam.  

- Cão que ladra não morde.  

- Coração quente amor ardente.  

- De ferreiro a ferreiro não passa dinheiro.  

- Do trabalho e experiência aprendeu o homem a ciência.  

- Dá Deus nozes a quem não tem dentes.  

- Devagar se vai ao longe.  

- Depois da casa roubada trancas à porta.  

- Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és.  

- De livro fechado, não sai letrado.  

- Deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer.

- Do longe se faz perto.  

- É má a ave quem seu ninho suja.  

- Em Janeiro sobe o outeiro. Se vires verdejar, põe-te a chorar, se vires nevar, põe-te a cantar.  

- Em terra de cegos quem tem olho é rei.  

- É de pequenino que se torce o pepino.  

- Em Abril águas mil.

Sapal de Castro Marim

Junto à foz do rio Guadiana, a Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António foi a primeira a ser classificada em Portugal.
Habitat natural para um elevado número de espécies, o Sapal de Castro Marim abriga, durante todo o ano, 153 espécies diferentes, que incluem flamingos, cegonhas, alfaiates,  pernas vermelhas entre outros.
Trata-se de uma área formada por sapais, salinas e esteiros, com zonas secas de xistos, grés vermelho, areias e arenitos e, nas zonas mais elevadas, estende-se até às encostas da serra algarvia abrigando vinhas e amendoais.
Do valioso património ambiental destaca-se ainda como local de abrigo e de reprodução para numerosas espécies de moluscos, peixes, répteis, anfíbios e crustáceos. Nas zonas circundantes, mais secas e elevadas, predominam as aves, nomeadamente passeriformes e rapinas.

A grande riqueza da flora, que conta com mais de 400 tipos de plantas, faz deste local um paraíso botânico.
Para conhecer esta zona protegida do sotavento algarvio e apreciar tanto a paisagem como a grande biodiversidade, um centro de acolhimento, no Cerro da Rocha, tem à disposição a documentação e os itinerários necessários para a visita.

Cultura e Tradição do Algarve


Muito mais do que praias magníficas e um clima ameno o Algarve tem para oferecer um riquíssimo património etnográfico que vale a pena partilhar com os prazeres do Sol e do Mar.
O Algarve tem hábitos seculares, tradições ainda vivas e património construído, que podemos usufruir ao longo de todo o ano. Desde modos tão particulares de celebrar ocasiões festivas (como a Páscoa, o Natal ou a Primavera) até testemunhos edificados de épocas antigas e recentes, passando, naturalmente, pelas irresistíveis iguarias que fazem a Gastronomia da região, os algarvios deixaram, ao longo dos séculos, um legado tão precioso que se impõe conhecer intimamente.


Casas Típicas



Com características específicas em relação ao resto do país, a arquitectura tradicional algarvia, de forte influência árabe (deixada pelos mouros que por cá se instalaram durante milhares de anos), reflecte a história, o gosto popular e as necessidades das gentes desta região quente e soalheira. Extremamente bonitos e pitorescos, pormenores como as chaminés decoradas, as platinadas coloridas, as frescas açoteias e o branco da cal nas paredes têm origem em utilidades específicas do quotidiano de outros tempos. Apesar das casas quadradas pintadas de branco serem comuns a toda a região, há excepções que enriquecem o património edificado. É o caso dos telhados de quatro águas, predominantes em Tavira e Faro, dos moinhos, de vento e de maré, e dos engenhos de água, que constituem um importante legado na história da região algarvia.



O Artesanato

O artesanato desta região faz as delícias dos visitantes. É representativo da criatividade das gentes algarvias que souberam encontrar maneiras práticas e graciosas de utilizar os recursos naturais da região.
A tecelagem, actividade exercida, ainda hoje, um pouco por todo o Algarve. Entre mantas, passadeiras, toalhas, linhos finos e alegres tapetes a oferta é vasta e a escolha difícil.
Talvez os mais populares, os objectos de barro, tenham perdido alguma da sua importância, mas adquiriram qualidades ornamentais que os tornam irresistíveis e, por isso, muito procurados.
Outros objectos, como simpáticas bonecas que retratam o quotidiano das gentes algarvias, peças em madeira, cobre e ferro forjado, rendas decorativas e cestos de formato e utilização diversa, são de fácil aquisição nas muitas lojas da especialidade espalhadas por toda a região.

A diversidade da Natureza é, definitivamente, uma das maiores riquezas do Algarve. Do litoral à serra algarvia, há toda uma diversidade possível de explorar de formas, também elas, diferentes.
Na orla costeira, um sistema ecológico de espantosa biodiversidade – desde aves autóctones, com ninhos entufados, aos moluscos e crustáceos que representam a principal fonte de rendimento dos marisqueiros do sul – convida a uma observação mais atenta durante agradáveis passeios pedestres.
Longe das extensas praias e das arribas abruptas, o verde garrido mistura-se com as tonalidades castanhas da terra na vasta extensão do Barrocal, que abre as portas de outro Algarve coberto de laranjais e de pomares de figo, alfarroba e amêndoa.
E também aqui há trilhos por desbravar. Léguas de paisagens de características geológicas especiais – xisto e sienitos (rocha aparentada ao granito) para serem desfrutadas na calmaria da serra.
Nos parques naturais de interesse ecológico, sobrevivem espécies, da fauna e da flora, que fora destas áreas estão já em vias de extinção. Outras há que, graças a características muito próprias da região, só aqui se desenvolveram, constituindo património local.
É nestes espaços protegidos que podemos assistir à passagem das aves migratórias e observar lontras, cágados, flamingos, cegonhas, garças ou as raras galinhas sultanas. É também aqui que somos confrontados com extensões enormes de vegetação característica e de curiosidades geológicas.
Toda esta riqueza pode ser desfrutada através de caminhadas por percursos marcados, visitas guiadas ou visitas a centros de interpretação, formas de turismo sustentado que permitem ao visitante conhecer e conviver com estes paraísos algarvios, em que a nota dominante é o encanto inalterado da natureza.

Um Algarve de encantos diversos

As serras de Monchique, Espinhaço de Cão e Caldeirão elevam-se em barreira protectora das terras baixas do litoral, assim abrigadas dos ventos frios do norte. A brisa do Atlântico contribui por sua vez para uma vegetação única.

Monchique é um jardim de espantosos cenários cuja flora é singular no panorama algarvio. Surge a Noroeste da região com ribeiros a escorrer pelas escarpas, cumes onde cresce o medronheiro, onde se erguem carvalhos, pinheiros e castanheiros.

É um recanto de clima suave e vegetação exuberante. A pedir uma estadia nas seculares termas e uma subida ao pico da Fóia, local mais alto do Algarve e um miradouro natural, de onde se abarca desde o Alentejo ao infinito horizonte marítimo.
Mais para Este, a Serra de Espinhaço de Cão irrompe numa cadeia de cerros com encostas repletas de medronheiros, imponentes eucaliptos e pequenos, mas férteis, vales, onde espreitam aldeias pitorescas. A Serra do Caldeirão, maior cordilheira algarvia, estende-se desde a Ribeira de Odelouca até aos planaltos agrestes do Nordeste algarvio. Surge um outro Algarve, entre montes ondulados e vales profundos, com o verde das florestas a conviver com os tons dourados dos campos de trigo e cevada ou os matos escuros de esteva e rosmaninho.