sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

PRAGAS


Vamos falar um pouco sobre as pragas do nosso Algarve. Os nossos habitantes levam tudo isto em forma de brincadeira e até nos fazem sorrir. Estas pragas são muito conhecidas por milhares de habitantes da zona de Monte Gordo, Fuzeta e Alvor.

Agora deixamos-vos aqui algumas pragas:

Ah moce marafade! havia de te dar uma dor de barriga tã grande, tã grande, que tevesses que correr e cande más corresses más te doesse e cande parasses arrebentasses.

Oh moce dum cabrão, havia de te crescer um par de cornos tã grandes, tã grandes, que dois cucos a cantarem, cada um na sua ponta, não se ouvissem um ao outro.

Ah moça maldeçoada, havias de apanhar tante sol, tante sol, que t’aderretesses toda e fosse preciso apanhar-te às colheres com’à banha.

Quêra Dês que toda a comida qu’hoje quemeres, amanhã a vás cagar ao cemitério já de olhos fechados.

Um destes dias, “se Dês queser” volto com outras pragas. Até lá, que não vos doa a barriga.

Ah maldeçoade, havias de ter uma doença tã grande, tão grande, ca água do mar transfermada em tinta na desse pa escrever o nome dela.

Oh maldeçoade, só queria que tevesses sem um tostão ferade na alzebêra, que visses uma cartêra cheia de notas caída na rua e quando te fosses abaixar pr’á apanhar te caísse a tampa do peito.

Amaldeçoade môce, havia de te dar uma dor tã grande, tã grande, que só te passasse com o sumo de pedra.

Havias de ter uma fome tã grande ou tã pequena, que cabessem os alcatruzes todos que tem o mar dentro da tua barriga.

Que te desse uma traçã no beraco desse rabo, que tevesses sem defecar oito dias e quando c*gasses só c*gasses figos de pita inteiros.

Ah marafada, havias de fecar tão magra, tão magra, que passasses po beraco duma agulha de braços abertos.

Ah maldeçoada, havia de te dar uma dor tã fina, tã fina, que ficasses enrolada que nem um carro de linhas.

Havia de lhe dar uma febre tã grande, e tão pequena, que lhe derretesse a fevela do cinte e os betons da farda.

Oh maldeçoado moce, havias de ter uma dor tã grande, tã grande, que te desse p’andar. Mas que andasses tante, tante, que gastasses as pernas até aos joelhes.

A Febre
Um zaragateiro embriagado provoca tal desordem que obriga a intervenção de um soldado da GNR, que acaba por detê-lo. A mulher do zaragateiro, indignada, profere a seguinte praga contra o soldado:
“Permita Deus que tenha uma febre tão grande, tão grande que lhe derreta a fivela do cinto.”

O Cúmulo da magreza
“Permita Deus que fiques tão magro, tão magro, que possas passar pelo fundo de uma agulha de braços abertos.”

Uma grande dor
“Não sabia dar-lhe uma dor tão grande que nunca mais parasse, que quanto mais corresse mais lhe doesse e, se parasse, rebentasse…”

Um bichoco*
“Permita Deus que tenhas um bichoco tão grande e tão ruim que todo o algodão que há no mundo não chegue para o tratamento”
*bichoco é, no falar algarvio, um furúnculo, tumor ou ferida com crosta.

O tampo do pêto
Praga rogada a um avarento:
“Permita Deus que aches uma carteira cheiinha de dinheiro, mas quando t' abaixares para a apanhar te caía o tampo do peto”

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