sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Dicionario do Alentejo e do Algarve

Glossário do Alentejo (Modificado de: http://nortealentejano.blogspot.pt/2010/02/vocabulario-de-carreiras-aldeia-da.html
A
ABARRUNTÉR – gabar-se excessivamente; ex.: gosta de abarruntér – gosta de gabar -se
ABÊBRA – figo negro; ex.: licor de abebra – licor de figo negro
ABELHÊRA – ligação amorosa (extraconjugal); ex.: estou numa abelheira – estou numa relação amorosa
ABESPRÃO – rezingão; ex.: pessoa que fala com violência verbal - ele está rezingão.
AGUADO – espantado; perturbado; ex: ele está espantado: _ ele está espantado.
AGUÇÉR – despertar; ex.: ele está aguçer - ele está a despertar.
AGUÇOSO – diligente; ex.: nós estamos aguçosos- nós estamos diligentes.
AIVADO – coxo; aleijado; ex: ele esta aviado – ele esta coxo.
ALACADO – magro; enfraquecido: ex; ela está alaçada - ela é magra.
ALCATRUZES – seios com um tamanho considerado excessivo: ex.: aquela mulher tem uns alcatruzes; _aquela mulher tem uns seios grandes.


B
BADAL – conversa; ex: nós estávamos a badal -nós estava-mos a conversa.
BADAMECO – pessoa que não cumpre a sua palavra; ex: aquela pessoa está badameco-aquela pessoa que não cumpre a sua palavra.
BADANA – trabalho aborrecido; ex: nós estávamos a badana-nós estava-mos no trabalho.
BAFRUNHÊRO – bisbilhoteiro; curioso; ex: ele é bafrunhéro _ele é bisbilhoteiro.
BAIXOS – rés-do-chão de uma casa; ex: ele mora no baixos _ele mora no rés-do- chão de uma casa.
BAJA – vage ; ex: eu como uma baja _eu como uma vaje.
BAJANCA – cova; buraco fundo; ex: ele fez uma bajanca  _ ele fez uma cova.
BAJÔJA – pessoa desajeitada ou com pouca inteligência; ex: ela é uma bajója _ela é uma pessoa desajeitada.
BALALAICAS – sapatilhas de enfiar no dedo do pé; ex: ela usa umas balalaicas _ela usa umas sapatilhas de enfiar no dedo do pé.
BALDÕES, AOS – sem apoio; ex: eles estão baldões – eles estão sem apoio.
adolescente.


C.
CABECINH' ÀRRÃ - pessoa com falhas de memória; ex: aquela pessoa está com a cabecinha´árrã-aquela pessoa está com falhas na memória.
CABRA MACHANECA – pessoa indolente, sem vontade própria; ex: aquela pessoa está á cabra machaneca -aquela pessoa está indolente.
CABRAS – queimadura nas pernas, resultante da exposição destas ao calor da braseira de picão.
CACANHO - muco nasal ; ex: que cacanho - que muco nasal.
CAÇAPO – coelho com poucos dias de vida; ex: eu tenho um caçapo-eu tenho um coelho com poucos dias de vida.
CACHÃO – borbulha da água quando nasce ou jorra; aquele rapaz tem cachão-aquele rapaz tem uma borbulha.
CACHAPORRA – cajado com cerca de um metro que possui uma bola no fundo, resultante da raiz da planta.
CAÇO – concha para tirar a sopa da panela ou da terrina; ex: eu tenho um caço -eu tenho uma concha.
CACHOPÊRO – pessoa que gosta de lidar com crianças; ex: eu tenho que contratar um cachopêro- eu tenho que contratar uma pessoa que gosta de lidar com crianças.
CADELA – banco de madeira feito a partir da pernada tripartida de um sobreiro ou de um carvalho.
 
 
 D.
DEIXAR A PÃO E LARANJAS – deixar sem resposta; ex: aquela pessoa deixou-me a pão e laranjas-aquela pessoa deixou-me sem resposta.
DEIXAR-SE IR NO ORIBÓL – ser enganado, ex: ele detesta deixar-se ir no oriból -ele detesta ser enganado.
DENTANA – gozão; ex: ele é mesmo dentada - ele é mesmo gozão.
DENTE DE COELHO – esperteza; ex: aquela rapariga tem cá um dente de coelho -aquela rapariga tem cá uma esperteza.
DERRANGADO – dependurado; ex: o rapaz está derrangado  -  o rapaz está dependurado.
DERRANGAR-SE – dependurar-se; ex: ele está a derrangar-se -ele está a dependurar-se.
DERREGAR – dissolver; ex: o açúcar está a der regar no café -o açúcar está a dissolver-se no café.
DERRIÇO – namoro; actividade prazerosa; ex: aquele rapaz pediu-me em derriço -aquele rapaz pediu-me em namoro.
DESADORADO – dolorido; ex: o miúdo veio todo desadorado para casa-o miúdo veio todo dolorido para casa.
DESALVORIDO – desorientado; sem rumo; ex: uma pessoa ás vezes anda desalvorido -uma pessoa ás vezes anda desorientada.

E
EGUARIÇA – mula filha de uma égua e de um burro; ex: o meu vizinho tem uma eguariça-o meu vizinho tem uma mula.
EMBALHANADO – atordoado; apatetado; ex: o coelho está embalhanado-o coelho está atordoado.
EMBARBELHÉR – enganar; ex: o meu vizinho gosta muito de embarbehér-o meu vizinho gosta muito de enganar.
EMBEZERRADO – com a face vermelha; ex: aquele velhote está embezerrado -aquele velhote está com a face vermelha.
EMPALAGOSO – chato; ex: que empalagoso- que chato.
EMPAPLUÇAR – inchar; ex: estou a empapluçar -estou a inchar.
EMPLICHAR – recuperar de uma doença; reverdecer; ex: a criança está a emplichar -a criança está a recuperar de uma doença.
EMPLÔRÉDO – inchado; ex: o meu amigo está todo emplôredo -o meu amigo está todo inchado.
EMPLORÉR-SE – pôr-se num sítio alto; ex: ele emplorér-se - ele pôs-se num sítio alto.
EMPRANHAR VELHAS – realizar uma tarefa vagarosamente; ex: detesto empranhar velhas -detesto realizar uma tarefa vagarosamente.
ENTRAR COM – enganar; pregar uma partida; ex: estás me a entrar com - estás me a enganar.
ENTRÁS – cancro; ex: o miúdo está com entras – o miúdo está com cancro.
ENTREMENTES – entretanto, ex: entrementes vais fazer aquilo - entretanto vais fazer aquilo.
ENTREMOÇADA – diz-se da batata que, depois de cozida, se estraga; ex: a batata está entremoçada-a batata está estragada.
ENTRETENGA – entretenimento; ex: a televisão tem muita entretenga-a televisão tem muito entretenimento.
ENTROPEÇAR – tropeçar; ex: ele entropeçou no gato -ele tropeça no gato.
ENVENANAR – irritar; ex: estás a me envenanar - estás a me irritar.
ENXURRO – entulho resultante duma enxurrada; ex: o rio está todo cheio de enxurro - o rio está todo cheio de entulho resultante duma enxurrada.
ENZUMINÉR – enganar; ludibriar; ex: o moço está a enzuminér - o moço está a enganar.
ERVACÊDO – terreno coberto de erva densa; ex: eu tenho ervacêdo - eu tenho um terreno coberto de erva densa.
ERVAÇUM – erva densa; ex: está tudo coberto de ervaçum -está tudo coberto de erva densa.
'SBARRONDADO – arruinado; ex: está tudo ‘sbarrondado - está tudo arruinado.
‘SBORTIÉDO – borrado; vomitado; ex: o miúdo está todo ‘sbortiédo - o miúdo está todo borrado.
‘SCALAFRIO – arrepio de frio; ex: que grande ‘scalafrio- que grande arrepio de frio.
‘SCALDAR – vender caro; ex: o motorista ‘scaldar os bilhetes - o motorista vende caro os bilhetes.
'SCALDA-RABOS – susto; ex: eu apanhei um ‘scalda – rabos - eu apanhei um susto.
‘SCALMURRA – calor atmosférico intenso;
 Ex: está cá um ‘scalmurra - está cá um calor atmosférico.
‘SCANCHADA – passo largo; ex: eu ando de ‘scanchada - eu ando de passo largo.
‘SCANCHAPERNA – ângulo entre duas pernadas duma árvore.
‘SCAPATÓRIO – razoável; ex: a comida está ‘scapatório - a comida está razoável.
‘SCARAVÊLHA – mulher muito trabalhadora; ex: a minha mãe é ‘scaravêlha- a minha mãe é um mulher muito trabalhadora.
‘SCARRAPANCHADO – montado, com as pernas abertas; ex: o rapaz vai ‘scarrapanchado no cavalo-o rapaz vai montado, com as pernas abertas no cavalo.
‘SCOALHO – chocalho; ex: o gato tem um ‘scoalho - o gato tem um chocalho.
‘SCORREGAR – dar dinheiro, ex: as pessoas estavam a dar ´scorregar - as pessoas estavam a dar dinheiro.
‘SCULATÊRA – chocolateira; mulher coscuvilheira, ex: eu comprei um ´sculatêra -eu comprei uma chocolateira.
‘SCULÉTE – chocolate, ex: ele adora ‘sculéte -ele adora chocolate.
‘SCUMA – espuma, ex: a máquina de lavar faz muita ‘scuma - a máquina de lavar faz muita espuma.
‘SCUMÊRA – avarento; ex: o velho é ´scumêra-o velho é avarento.
‘SFOMIÉDO – avarento; ex: o rapaz é ‘sfomiédo-o rapaz é avarento.
‘SFRUNHADÔRO – gilbardeira; ex: eu ‘sfrunhadôro- eu limpei a chaminé com gilbardeira.
‘SFRUNHÉR – limpar a chaminé com gilbardeira; ex: eu ‘sfrunhér- eu limpei a chaminé com gilbardeira.
‘SGADANHAR – coçar com intensidade a pele; esforçar-se para atingir um objectivo; ex: eu  ‘sgadanhar a pele eu cocei a pele com intensidade.
‘SGALHA, NA – com grande velocidade; ex: aquele carro ‘sgalha
‘SGALHAR – partir com grande rapidez, ex: aquele carro ‘sgalhar- aquele carro partiu com grande rapidez.
‘SGRAVULHÉR – procurar fundos para atingir as suas metas ou satisfazer as suas necessidades.
‘SGUMITÉR – vomitar; ex: eu ‘sgumitér- eu vomitei.
'SMICHÉDA – ferida; hematoma; ex: ele fez uma ‘smichéda - ele fez uma ferida.
‘SPANTAR-SE – fugir; abandonar; ex: aquele rapaz ‘spantar-  se- aquele rapaz fugiu.
‘SPARAVELA, À – sem agasalhos; ex: aquela velhota está ‘sparavela- aquela velhota está sem agasalhos.
‘SPARVÊRÉDO – esparvoado; ex: o menino está ‘sparvêrédo- o menino está esparvoado.
‘SPASSARADO – atordoado; ex: o cão está ‘spassarado- o menino está atordoado.
‘SPERAR O SOL – apanhar sol  ;ex: o velhote foi ‘sperar o sol- o menino foi apanhar sol.
‘SPINHELA – coluna vertebral.
‘SPINHELA CAÍDA – fraqueza geral no corpo.
‘SPIOLHÉR – inquirir para, depois, coscuvilhar.  
‘SPORÊTA – pessoa que se veste com roupas garridas, mal combinadas.
‘SPORREAR – ostracizar; ex: aquele edifício está ‘sporrear- aquele edifício está ostracizado.
‘STABANADO – pessoa com atitudes incompreensíveis, social e/ou mentalmente instável.
‘STABARDULHO – pessoa falsa e sem escrúpulos; ex: há pessoas tão ´stabardulho-há pessoas tão falsas e sem escrúpulos.
‘STALAR A CASTANHA NA BOCA – demonstrar uma convicção; ex: aquela mulher aestá‘stalar a castanha na boca -aquela mulher está a demonstrar uma convicção.
‘STÂNCIA – superfície de madeira ou de metal onde se prepara a massa do pedreiro.
‘STANHÊRA – estante de madeira onde se colocam os pratos; ex: eu. Tenho uma ‘stanhêra -eu tenho uma estante de madeira onde se colocam os pratos.
‘STAR A PÃO DE TRIGO – estar moribundo; ex: aquele cão ‘star a pão de trigo -aquele cão está moribundo.
‘STARALHÔQUÉDO – com tonturas; nervoso; ex: o menino está ‘staralhôquédo - o menino está com tonturas.
‘STARÔQUÉDO – com tonturas; nervoso; ex: a menina está ‘staroquédo -a menina está com tonturas.
‘STAVERNEIO – confusão; desarrumação; ex. Casa está um ‘staverneio -a casa está uma confusão.
‘STERQUÊRA – lixeira; ex: está cá uma ‘sterquera -está cá uma lixeira.
‘STEVÊRO – variedade de figo; ex: no mercado há muito ‘stevêro-no mercado há muita variedade de figo.
‘STÔRARIA – gritaria; ex: aquele rapaz faz cá uma ‘stôraria - aquele rapaz faz cá uma gritaria.
‘STREFENEFE – confusão; ex: eu detesto ‘strefenefe -eu detesto confusão.
‘STRIBAR-SE – tirar lucro ou benefício; fugir à responsabilidade; ex: aquele patrão está a ‘stribar-se-aquele patrão está a tirar lucro ou benefício.
‘STROPIADÊRO – barulho provocado pela cavalgada duma besta; ex: mas que grande ‘stropiadêro- mas que grande barulho provocado pela cavalgada duma besta.
‘SVÉCER – demorar-se em excesso, ex: o autocarro está a ‘svécer -o autocarro está a demorar-se em excesso.


F
FADINHO SERRANO – conversa chata, infindável, ex: eu detesto ouvir um fadinho serrano -eu detesto ouvir uma conversa chata.
FALCA – pequenos pedaços de cortiça resultantes da descasca da lenha de sobro.
FANDANGARIA – pessoas sem qualidade moral; ex: aquela pessoa não tem fandangaria nenhuma -aquela pessoa não tem qualidade moral nenhuma.
FANDANGO – prostituta; pessoa ruim; ex: na estrada há cada vez mais fandangas -na estrada há cada vez mais prostitutas.
FANDUNGA – avarento, ex: aquele miúdo é fandungo -aquele rapaz é avarento.
FANECO – pão; ex: a menina foi comprar o faneco - a menina foi comprar o pão.
FARÇOLA – adjectivo atribuído aos habitantes da freguesia da Ribeira de Nisa (Portalegre).  
FARINHEIRA, FAZER – ter problemas de erecção durante a relação sexual.
FARRESGO – companhia; divertimento; ex: o cão precisa de um farresgo
FATÊXA – dente grande.


G
GALADA – melancia em que se fez um galo; ex: pode galar a melancia e ver que é boa.
GALADO – ovo fecundado.
GALAR – fazer um galo; fecundar; ex: a menina galar -a menina fez um galo.
GALHAPANAS – rapaz de pouca idade; ex: o rapaz é galhapanas- o rapaz tem pouca idade.
GALINHA QUE CAÇA RATOS – alguém com boa posição social e que constitui apoio seguro.
GALO – corte que se faz nas melancias para ver se estão maduras ou saborosas; parte central da melancia.
GAL’ CAPÃO – adolescente; ex: o rapaz é gal’capão- o rapaz é adolescente.
GANCHO, DE – com personalidade difícil; ex: mas que gancho,de -mas que personalidade difícil.
GANHAR O QUÊJO D’ ÔRO – ter um casamento sem conflitos; ex: o Filipe teve de ganhar o quêjo d’ôro-o Filipe teve um casamento sem conflitos.
GANHAR SAPATOS NOVOS – contar uma novidade; ex: eu fui ao café e ganhei sapatos novos-eu fui ao café e contei uma novidade.


H
HONRA D’ ALEGRETE – sobra; resto; ex: eu comi honra d´alegrete do jantar de ontem- eu comi a sobra do jantar de ontem.


I
IMBEGUÉDA – barriga saliente; ex: o rapaz tem imbeguéda -o rapaz tem a barriga saliente.
IMBEGUÊRA – cordão umbilical; ex: a enfermeira cortou a imbeguêra- a emfermeira cortou o cordão umbilical.
IMPESTOR – vaidoso; ex: o meu amigo é impestor- o meu amigo é vaidoso.
INCONTABLIDADE – incompatibilidade; ex: o rapaz é incontablidade com a rapariga -o rapaz é incompatível com a rapariga.
INDA BEM NÃO – entretanto; quando menos se espera; ex: a menina inda bem não foi passear a floresta-a menina entretanto foi passear a floresta.
INDROMENÉR – enganar; ex: a menina está a indromenér o rapaz – a menina está a enganar o rapaz.
INGANIDO – encolhido; ex: o vestido está inganido -o vestido está encolhido.
INGARELAS – estrutura de madeira que, colocada sobre o dorso de um burro ou de um macho, permite o transporte de vasilhas.
INGIVA – gengiva; ex: o dentista diz que a ingiva está vermelha- o dentista diz que a gengiva está vermelha.
IR À FORJA – rejuvenescer; ex: a senhora fez um tratamento para ir a forja-a senhora fez um tratamento para rejuvenescer.


J
JAQUINA MELHÊNA – pessoa que gosta muito de beber chá; ex: a senhora é uma jaquina melhêna - a senhora é uma pessoa que gosta de beber chá.
JAVARDO – porco que ainda não foi capado; ex: o porco ainda não foi javardo- o porco ainda não foi capado.
JOÃVAZ – variedade de feijão; testemunha de Jeová; ex: eu comprei uma joãvaz – eu comprei uma variedade de feijão.
JOGAR À BUGALHINHA – manipular alguém; ex: eu não gosto de jogar á bugalhinha- eu não gosto de manipular alguém.
JÓSPIRES – dióspiro; ex: ele detesta jóspires -ele detesta dióspires.
JUDÊRÃO – pessoa que não respeita a religião católica; blasfemo; ateu.


L
LACÃO – chispe de porco; ex: fui ao talho e comprei lacão- fui ao talho e comprei chispe de porco.
LAFARUSO – pessoa mal vestida, sem cuidados mínimos de higiene; ex: aquela pessoa está larafuso -aquela pessoa está mal vestida.
LAGARTÊRO – adjectivo atribuído aos habitantes da freguesia de Alegrete (Portalegre).
LAMBARÃO – conversa; ex: o homem da tanto lambarão -o homem da tanta conversa.
LAMBARIÉR – conversar; ex: a minha avó gosta muito de lambariér - a minha avó gosta muito de conversar.
LAMBÉRÇO – abusador, pessoa que abusa da confiança que lhe dão; ex: o homem é muito lambérço - o homem é muito abusador.
LANÇAR FORA – vomitar; ex: a menina está a lançar fora – a menina está a vomitar.
LANGANHOSO – remeloso; pegajoso; ex: o cão está langanhoso –o cão está remeloso.
LÃ QUE VAI PRÀ BÊRA – tarefa facilitada; ex: eu dei a minha filha uma lã que vai prá bera – eu dei a minha filha uma tarefa facilitada.
LARGUEZA – quintal com uma extensão apreciável; ex: eu tenho uma largueza – eu tenho um quintal com uma extensão apreciável.


M
MAÇANCUCA – um dos frutos do carvalho, com a força de uma pequena bola esponjosa.  
MACHORRA – fêmea (humana ou animal) que não produz crias.
MADRINHAS – vacas que conduzem um touro ao curro no final da tourada; cabrestos.
MALACUECO – rebuçado; ex: fui ao supermercado e comprei um malacueco- fui ao supermercado e comprei um rebuçado.
MALANDAMOSO – diz-se do caminho onde é difícil transitar mesmo a pé.
MALANQUÊRAS – doenças; defeitos de personalidade; ex: aquele homem tem malanquêras- aquele homem tem doenças.
MALAQUETÃO – espécie de pêssego; alperce; ex: eu comprei um malaquetão - eu comprei uma espécie de pêssego.
MALASADO – desajeitado; ex: aquele menino é malasado - aquele menino é desajeitado.
MAL ATROGALHADO – mal vestido; ex: o meu vizinho anda mal atrogalhado- o meu vizinho anda mal vestido.
MAL DE CANGA, PIOR D’ ARADO – de mal a pior; ex: isto vai de mal de canga, pior d’ arado-isto vai de mal a pior.


N
NÃO ARMAR NADA – mostrar-se impotente na relação sexual; ex: o meu vizinho não armar nada- o meu vizinho mostra-se impotente na relação sexual.
NÃO CRER QUE HÁ BRUXAS – não acreditar no que está provado; ex: eu não creio que há bruxas- eu não acredito no que está provado.
NÃO MIJAR NO SEU PENICO – não merecer confiança; ex: um inimigo não mijar no seu penico – um inimigo não merece confiança.
NÃO TER BARRIGA PRA CALDOS – não ser capaz de guardar segredos; ex: há amigos que não ter barriga pra caldos - há amigos que não é capaz de guardar segredos.
NÃO TER UM TOSTÃO FURADO AO SOL – estar falido, sem dinheiro; ex: a empresa não ter um tostão furado ao sol – a empresa está falida.
NÃO TER UM TOSTÃO PARTIDO PLO MEIO – estar falido, sem dinheiro; ex: a loja não tem um tostão partido plo meio- a loja está falida.
NASCENÇA – cancro; ex: a rapariga tem nascença- a rapariga tem cancro.
NUVEDÉDE – colheita; rendimento da produção agrícola; ex: o rapaz foi a nuvedéde da amora- o rapaz foi a colheita da amora.
NUVRACÊRO – nevoeiro; ex: está cá um nuvracêro - está cá um nevoeiro.
NUVRINA – neblina; ex: está cá uma nuvrina- está cá uma neblina.


O
ÓCA - ocre amarelo ou vermelho; ex: eu comprei uma oca amarela- eu comprei um ocre amarelo.
ÔLHAMENTO - capacidade de respeitar as conveniências ou de retribuição na justa medida um favor.
OLHO DE FIGO CURIGO, TER – manifestar esperteza; ex: o rapaz olho de figo curigo, ter- o rapaz manifestou esperteza.
ONDE O DIÉBE PARIU A MÃE – muito longe; ex: o meu pai foi onde o diébe pariu a mãe -  o meu pai foi muito longe.
ÔSIÉR – guardar o gado; ex: a minha avó foi ôsiér- a minha avó foi guardar o gado.
ÔVIR TOCAR O SINO GRANDE – ser repreendido; ex: o menino foi ovir tocar o sino grande- o menino foi repreendido.


P
PACHELGAS – pessoa lenta; ex: aquela pessoa é pachelgas- aquela pessoa é uma pessoa lenta.
PADRE E SACRISTÃO, SER – falar muito; responder às suas próprias perguntas; ex: o miúdo é padre e sacristão- o miúdo fala muito.
PADRE-NOSSOS CASTELHENOS – resmungos; ex: as pessoas são padre-nossos castelhenos- as pessoas são muito resmungonas.
PAGUILHA – pagamento; ex: ele precisa de receber o paguilha- ele precisa de receber o pagamento.
PALAVRAS DITAS E RETORNADAS – conversa muito repetitiva; ex: o senhor faz umas palavras ditas e retornadas- o senhor faz uma conversa muito repetitiva.
PALHAÇA – queda; tombo; ex: a menina deu uma palhaçada- a menina deu uma queda.
PANELINHA – combinação secreta; pacto; conluio; ex: a mulher vestiu uma palhacinha- a mulher vestiu uma combinação secreta.
PANGAIADA – patuscada; convívio entre homens; ex: vou a uma pangaiada-vou a patuscada.
PANTALONAS – calças largas; ex: ele usou umas pantalonas- ele usou umas calças largas.
PIPI DA TABELA – habitante da cidade; ex: aquele senhor é pipi da tabela- aquele senhor é habitante da cidade.


Q
QUARTA – vasilha em chapa de zinco para o transporte de água ou leite, ex: eu comprei uma quarta- eu comprei uma vasilha.
QUARTEL – lugar de dormida durante a execução das tarefas agrícolas; ex: o trabalhador dormiu no quartel- o trabalhador dormiu no lugar de dormida.
QUÊJO D’ ÔRO – salvação eterna; ex: aquele homem é quêjo d’ôro -aquele homem é salvação eterna.
QUESCÓIDA – sujidade acumulada, difícil de limpar; ex: aquela casa está com quescóida- aquela casa está com sujidade acumulada.
QUINTO – pessoa da mesma idade; ex: eu sou do mesmo quinto que a minha amiga -eu sou da mesma idade da minha amiga.


R
RABACÊRO – que gosta muito de qualquer espécie de fruta; ex: a minha tia gosta de rabacêro- a minha tia gosta muito de qualquer espécie de fruta.
RABENELGA – resmungona; rebelde; ex: aquela criança é muito rebenelga ; ex: aquela criança é muito resmungona.
RABITA – viva, com vitalidade; ex: a coelhinha está rabita- a coelhinha está viva.
RABO ALÇADO, DE – zangado; ex: o professor está de rabo alçado -o professor está zangado.
RAIVOSA – nuvem pouco carregada; ex: está de chuva e no céu á uma raivosa- está de chuva e no céu á uma nuvem pouco carregada.
RAMBÓIA – boémia; ex: eu vou para a rambóia - eu vou para a boémia.
RAMONA – carrinha velha; ex: o meu vizinho comprou uma ramona- o meu vizinho comprou uma carrinha velha.
RASPA-CASSOLAS – insecto; ex: o carro passou e matou o raspa- cassolas- o carro passou e matou o insecto.
RATATAU – prato constituído por carne guisada com batatas; bodo dos pobres; ex: eu fiz um ratatau- eu fiz um prato constituído por carne guisada com batatas.
REBENTAR C’O CU C’MÀ CEGUÉRRA – falir; ex :a empresa está a rebentar c’o cu c´má ceguérra- a empresa está a falir.


S
SAIR O POMBO MOCHO – ver goradas as expectativas; ex: aquela criança viu sair o pombo mocho- aquele moço viu as goradas as expectativas.
SALAPISMO – problema; ex: ele tem um salapismo- ele tem um problema.
SALTE RATO - diz-se do tecto que tem grandes aberturas entre as tábuas do forro.
SAPATEIRA - diz-se da azeitona temperada depois de estragada.
SAQUIA – corrente de água poluída; lixeira; ex: o mar está com saquia- o mar está com corrente de água poluída.
SENÉIS – toque do sino a finados; ex: a igreja tem os senéis - a igreja tem o toque do sino afinados.
SERÃO P’RA TRABALHADORES – conversa chata, ininterrupta; ex: que serão p’ra trabalhadores- que conversa chata.
SOMANTA – sova; espancamento; ex: o rapaz levou uma somanta- o rapaz levou uma sova.
SORTES – inspecção militar; ex: o rapaz foi a sortes- o rapaz foi a inspecção militar.


T
TABUÃO – nódoa negra; ex: o senhor fez cá um tabuão- o senhor fez cá uma nódoa negra.
TAPADA, ENTRAR PRÀ – casar; ex: a senhora não quer tapada, entrar prá- a senhora não quer casar.
TAPONA – bofetada; ex: levas-te cá uma tapona- levas-te cá uma bofetada. 
TARASCA – coscuvilheiro ou coscuvilheira; ex: o meu vizinho é cá um tarasca- o meu vizinho é cá um coscuvilheiro.
TARECO – bisbilhoteiro; homem sem palavra; ex: aquele moço é tão tareco- aquele moço é tão bisbilhoteiro.
TARRO – vasilha térmica com asa feita em cortiça; ex: ele comprou um tarro- ele comprou uma vasilha térmica com asa feita em cortiça.
TÁTE! – Atenção! Ex:táte o circo vai estar aqui perto- atenção o circo vai estar aqui perto.
TÃVÁ – fórmula de despedida; adeus; ex: o menino está numa tãvá- o menino está numa fórmula de despedida.
TERRINCAR – roer os dentes uns nos outros;ex:eu estava a terrincar- eu estava a roer os dentes uns nos outros.
TIORGA – bebedeira;ex: que grande tiorga- que grande bebedeira.


U
ULEVÉL – olival; ex: que grande ulevél- que grande olival.
ULEVÊRA – oliveira; ex: que grande está a ulevêra - que grande está a oliveira.
UMBEGUÉDA – abdómen saliente; ex: aquele miúdo nasceu com o umbeguéda  - aquele homem nasceu com o abdómen saliente.

V
VAGATURA – tempo disponível; ex: será que há vagatura-será que há tempo disponível.
VENETA – birra;ex: mas que grande veneta- mas que grande birra.
VENHÀ-NÓS – lucro; este café não têm venha-nós nenhum – este café não têm lucro nenhum.
VENTAS DE PENICO – pessoa carrancuda;ex: esta pessoa é ventas de penico – esta pessoa é carrancuda.
VERTER ÁGUAS – urinar;ex: aquele miúdo está a verter águas – aquele miúdo está a urinar.
VIVEDIÉBO – pessoa ruim;ex: esta pessoa é mesmo vivediébo – esta pessoa é mesmo ruim.


X
XIXA – carne; ex: fui ao talho comprar xixa – fui ao talho comprar carne.


Z
ZANGARRADA – barulho; ex: mas que zangarrada – mas que barulho.
ZIPAR – roubar; ex: aquele miúdo vai zipar as sapatilhas – aquele miúdo vai roubar as sapatilhas.
ZOÊRA – barulho nos ouvidos; ex: a Maria foi ao médico porque tinha zoêra – a Maria foi ao médico porque tinha barulho nos ouvidos.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

CULTURA E TRAJES DO ALENTEJO

Caracterização do Baixo Alentejo 

Localização Geográfica
O Baixo Alentejo integra a extensa Região Alentejo, sendo limitado a norte pelo Distrito de Évora, a leste por Espanha, e a sul pelo Distrito de Faro. Esta sub-região integra 13 Concelhos: Aljustrel, Almodôvar, Alvito, Barrancos, Beja, Castro Verde, Cuba, Ferreira do Alentejo, Mértola, Moura, Ourique, Serpa e Vidigueira.

Principais Recursos
As principais actividades económicas do Baixo Alentejo desenvolvem-se em torno da exploração mineira (pirites), da silvicultura, da exploração das espécies cinegéticas, da agro-pecuária, pastorícia e produtos derivados, podendo tomar-se como exemplo a cortiça, o azeite, os queijos, os enchidos e presuntos, os vinhos, a aguardente de medronho e o mel.

O rio Guadiana, considerado um dos recursos naturais mais importantes do Baixo Alentejo, nasce em Espanha (nas belas lagoas de Olhos do Guadiana), e quando chega a Portugal, no Alentejo, segue a linha da fronteira. As suas paisagens, de elevado valor histórico e natural, são testemunhas vivas da acção humana que ao longo dos tempos transformou o coberto natural original numa diversidade de ecossistemas, adaptados à secura e aridez do clima.

Esta sub-região é fortemente marcada não só por um património cultural, que se reflecte nos sítios arqueológicos, castelos, igrejas, antigas minas, museus, e pequenas vilas e aldeias que com as suas construções tradicionais reflectem a diversidade das influências culturais a que esta região esteve sujeita.

Gastronomia
A carne de porco e de borrego são a base da gastronomia tradicional da sub-região, juntando-se-lhes ainda as espécies cinegéticas como o javali, o coelho, a lebre e a perdiz. O pão, o azeite e as ervas aromáticas são ingredientes fundamentais desta cozinha mediterrânica, dando sabor às sopas, migas, ensopados e açordas. Os vinhos, queijos, enchidos e presuntos – alguns com Denominação de Origem – são elementos indispensáveis da boa mesa alentejana. Os ovos, a gila e a amêndoa são elementos integrantes da confeitaria, sendo de salientar a doçaria conventual. Cada localidade tem as suas especialidades gastronómicas.


Costumes e Tradições
No Baixo Alentejo, o barro, as varas de vime, a cortiça, o ferro, a madeira, a lã e o linho são transformados em peças de artesanato que mantêm viva a memória colectiva. Peças que sobrevivem ao passar dos anos e traduzem a alma de um povo. As suas gentes, com os seus saberes, experiência, tradições e cultura, dão vida e alma aos objectos inertes. Também as festas religiosas e populares dão vida a essa memória, todas as aldeias e vilas embelezam-se para festejar os seus santos padroeiros especialmente no período de Verão. As feiras, outrora espaços privilegiados de convívio e comércio, modernizam-se hoje em mostras das actividades e produções locais. Também o convívio em torno do Cante Alentejano é pretexto para encontros nas várias localidades que têm tradição nesta arte.

Gostamos da nossa terra, das suas casas de branco caiadas. compreendermos os brandos costumes do Homem Alentejano que a imensidão da planície moldou, a sua dignidade e as razões que não permitiram a sua degradação. Só um profundo mergulhar nas nossas tradições, usos e costumes, nas nossas raízes histórico-culturais nos poderá ajudar a descobrir a beleza, a imaginação e graça das nossas Aldeias e Vilas, a diversidade que nos pode oferecer a imensidão da planície de restolho e cal bordada. A personalidade e dignidade do povo que somos.

Os Cantares Alentejanos de entre toda a música tradicional portuguesa têm características únicas, singulares, fruto de uma região e de um povo único. Localizado entre o Tejo, Guadiana e a Serra algarvia, não esquecendo o Atlântico, o Alentejo foi moldando um povo forte, trabalhador e unido, que suporta dificuldades pelo isolamento e aridez de suas terras.

As suas músicas características do Cantar
Alentejano são normalmente músicas de trabalho, transmitindo temas que são muito próximos às pessoas do campo. As cantigas amorosas, assim como as cantigas religiosas, existem em todo o Alentejo, sendo que as cantigas relativas ao trabalho e às profissões são bastante diferentes de uma povoação para a outra. A dispersão dos povoados no Alentejo levou a uma “especialização” dos habitantes em certos tipos característicos de profissões e actividades, sendo esse facto bem presente nas modas que cada povo canta. É frequente ouvirmos modas dedicadas às ceifeiras, mineiros, pescadores, vindimadores, cardadores, etc. Outro tema muito querido ao Cante é o bairrismo, como se demonstra pela grande quantidade de modas dedicadas a diversas povoações de todo o Alentejo.

PROVÉRBIOS


- Águas passadas não movem moinhos.  

- As paredes têm ouvidos.  

- A pensar morreu um burro.  

- A união faz a força.  

- Antes que o mal cresça corta-lhe a cabeça.  

- Até S. Pedro de vinho tem medo.  

- Atrás de tempo tempo vem.  

- A verdade é como o azeite, vem sempre à tona da água.  

- A preguiça morreu de sede à beira da água.  

- Alentejanos, algarvios e cães de caça é tudo da mesma raça.  

- A rico não devas e a pobre não prometas.  

- Amor com amor se paga, e com desdém se paga também.  

- A tua fama longe soa e mais depressa a má, que a boa. 

- A mentira só dura enquanto a verdade não chega.  

- Ande o frio por onde andar, no Natal cá vem parar.  

- A cavalo dado não se olha o dente.  

- A palavras loucas, orelhas moucas.  

- Antes a pobreza honrada do que riqueza roubada.  

- Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.  

- Amigo verdadeiro, vale mais do que o dinheiro.  

- Ao bom darás e do mau te afastarás.      

- Apanha o cajado quem se mete onde não é chamado.  

- Aos meninos e ao borralho põe-lhe Deus a mão por baixo.  

- Amigo não empata amigo.  

- Cá se fazem cá se pagam.  

- Cão que ladra não morde.  

- Coração quente amor ardente.  

- De ferreiro a ferreiro não passa dinheiro.  

- Do trabalho e experiência aprendeu o homem a ciência.  

- Dá Deus nozes a quem não tem dentes.  

- Devagar se vai ao longe.  

- Depois da casa roubada trancas à porta.  

- Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és.  

- De livro fechado, não sai letrado.  

- Deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer.

- Do longe se faz perto.  

- É má a ave quem seu ninho suja.  

- Em Janeiro sobe o outeiro. Se vires verdejar, põe-te a chorar, se vires nevar, põe-te a cantar.  

- Em terra de cegos quem tem olho é rei.  

- É de pequenino que se torce o pepino.  

- Em Abril águas mil.

Sapal de Castro Marim

Junto à foz do rio Guadiana, a Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António foi a primeira a ser classificada em Portugal.
Habitat natural para um elevado número de espécies, o Sapal de Castro Marim abriga, durante todo o ano, 153 espécies diferentes, que incluem flamingos, cegonhas, alfaiates,  pernas vermelhas entre outros.
Trata-se de uma área formada por sapais, salinas e esteiros, com zonas secas de xistos, grés vermelho, areias e arenitos e, nas zonas mais elevadas, estende-se até às encostas da serra algarvia abrigando vinhas e amendoais.
Do valioso património ambiental destaca-se ainda como local de abrigo e de reprodução para numerosas espécies de moluscos, peixes, répteis, anfíbios e crustáceos. Nas zonas circundantes, mais secas e elevadas, predominam as aves, nomeadamente passeriformes e rapinas.

A grande riqueza da flora, que conta com mais de 400 tipos de plantas, faz deste local um paraíso botânico.
Para conhecer esta zona protegida do sotavento algarvio e apreciar tanto a paisagem como a grande biodiversidade, um centro de acolhimento, no Cerro da Rocha, tem à disposição a documentação e os itinerários necessários para a visita.

Cultura e Tradição do Algarve


Muito mais do que praias magníficas e um clima ameno o Algarve tem para oferecer um riquíssimo património etnográfico que vale a pena partilhar com os prazeres do Sol e do Mar.
O Algarve tem hábitos seculares, tradições ainda vivas e património construído, que podemos usufruir ao longo de todo o ano. Desde modos tão particulares de celebrar ocasiões festivas (como a Páscoa, o Natal ou a Primavera) até testemunhos edificados de épocas antigas e recentes, passando, naturalmente, pelas irresistíveis iguarias que fazem a Gastronomia da região, os algarvios deixaram, ao longo dos séculos, um legado tão precioso que se impõe conhecer intimamente.


Casas Típicas



Com características específicas em relação ao resto do país, a arquitectura tradicional algarvia, de forte influência árabe (deixada pelos mouros que por cá se instalaram durante milhares de anos), reflecte a história, o gosto popular e as necessidades das gentes desta região quente e soalheira. Extremamente bonitos e pitorescos, pormenores como as chaminés decoradas, as platinadas coloridas, as frescas açoteias e o branco da cal nas paredes têm origem em utilidades específicas do quotidiano de outros tempos. Apesar das casas quadradas pintadas de branco serem comuns a toda a região, há excepções que enriquecem o património edificado. É o caso dos telhados de quatro águas, predominantes em Tavira e Faro, dos moinhos, de vento e de maré, e dos engenhos de água, que constituem um importante legado na história da região algarvia.



O Artesanato

O artesanato desta região faz as delícias dos visitantes. É representativo da criatividade das gentes algarvias que souberam encontrar maneiras práticas e graciosas de utilizar os recursos naturais da região.
A tecelagem, actividade exercida, ainda hoje, um pouco por todo o Algarve. Entre mantas, passadeiras, toalhas, linhos finos e alegres tapetes a oferta é vasta e a escolha difícil.
Talvez os mais populares, os objectos de barro, tenham perdido alguma da sua importância, mas adquiriram qualidades ornamentais que os tornam irresistíveis e, por isso, muito procurados.
Outros objectos, como simpáticas bonecas que retratam o quotidiano das gentes algarvias, peças em madeira, cobre e ferro forjado, rendas decorativas e cestos de formato e utilização diversa, são de fácil aquisição nas muitas lojas da especialidade espalhadas por toda a região.

A diversidade da Natureza é, definitivamente, uma das maiores riquezas do Algarve. Do litoral à serra algarvia, há toda uma diversidade possível de explorar de formas, também elas, diferentes.
Na orla costeira, um sistema ecológico de espantosa biodiversidade – desde aves autóctones, com ninhos entufados, aos moluscos e crustáceos que representam a principal fonte de rendimento dos marisqueiros do sul – convida a uma observação mais atenta durante agradáveis passeios pedestres.
Longe das extensas praias e das arribas abruptas, o verde garrido mistura-se com as tonalidades castanhas da terra na vasta extensão do Barrocal, que abre as portas de outro Algarve coberto de laranjais e de pomares de figo, alfarroba e amêndoa.
E também aqui há trilhos por desbravar. Léguas de paisagens de características geológicas especiais – xisto e sienitos (rocha aparentada ao granito) para serem desfrutadas na calmaria da serra.
Nos parques naturais de interesse ecológico, sobrevivem espécies, da fauna e da flora, que fora destas áreas estão já em vias de extinção. Outras há que, graças a características muito próprias da região, só aqui se desenvolveram, constituindo património local.
É nestes espaços protegidos que podemos assistir à passagem das aves migratórias e observar lontras, cágados, flamingos, cegonhas, garças ou as raras galinhas sultanas. É também aqui que somos confrontados com extensões enormes de vegetação característica e de curiosidades geológicas.
Toda esta riqueza pode ser desfrutada através de caminhadas por percursos marcados, visitas guiadas ou visitas a centros de interpretação, formas de turismo sustentado que permitem ao visitante conhecer e conviver com estes paraísos algarvios, em que a nota dominante é o encanto inalterado da natureza.

Um Algarve de encantos diversos

As serras de Monchique, Espinhaço de Cão e Caldeirão elevam-se em barreira protectora das terras baixas do litoral, assim abrigadas dos ventos frios do norte. A brisa do Atlântico contribui por sua vez para uma vegetação única.

Monchique é um jardim de espantosos cenários cuja flora é singular no panorama algarvio. Surge a Noroeste da região com ribeiros a escorrer pelas escarpas, cumes onde cresce o medronheiro, onde se erguem carvalhos, pinheiros e castanheiros.

É um recanto de clima suave e vegetação exuberante. A pedir uma estadia nas seculares termas e uma subida ao pico da Fóia, local mais alto do Algarve e um miradouro natural, de onde se abarca desde o Alentejo ao infinito horizonte marítimo.
Mais para Este, a Serra de Espinhaço de Cão irrompe numa cadeia de cerros com encostas repletas de medronheiros, imponentes eucaliptos e pequenos, mas férteis, vales, onde espreitam aldeias pitorescas. A Serra do Caldeirão, maior cordilheira algarvia, estende-se desde a Ribeira de Odelouca até aos planaltos agrestes do Nordeste algarvio. Surge um outro Algarve, entre montes ondulados e vales profundos, com o verde das florestas a conviver com os tons dourados dos campos de trigo e cevada ou os matos escuros de esteva e rosmaninho.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013