sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Inquérito sobre o Algarve


Foi realizado um inquérito a 40 indivíduos para aferir se tinham alguns conhecimentos sobre a região do Algarve.
Obtivemos os seguintes resultados:

Relativamente à questão sobre qual a capital do Algarve, todas as pessoas responderam corretamente a esta questão.


À questão sobre o doce tradicional mais conhecido do Algarve, 69% dos inquiridos responderam a esta questão que é o D. Rodrigo, seguido da Torta de amêndoa, com 23% de respostas.

A lenda do lobisomem

Diz a lenda que quando uma mulher tem 7 filhas e o oitavo filho é homem, esse menino será um Lobisomem. Também o será, o filho de mulher amancebada com um Padre.

Sempre pálido, magro e orelhas compridas, o menino nasce normal. Porém, logo que ele completa 13 anos, a maldição começa.
Na primeira noite de terça ou sexta-feira, depois do aniversário, ele sai à noite e vai até uma encruzilhada. Ali, no silêncio da noite, se transforma em Lobisomem pela primeira vez, e uiva para a lua.
Daí em diante, toda terça ou sexta-feira, ele corre pelas ruas ou estradas desertas com uma matilha de cachorros latindo atrás. Nessa noite, ele visita, 7 partes da região, 7 pátios de igreja, 7 vilas e 7 encruzilhadas. Por onde passa, açoita os cachorros e apaga as luzes das ruas e das casas, enquanto uiva de forma horripilante.
Antes do Sol nascer, quando o galo canta, o Lobisomem volta ao mesmo lugar de onde partiu e se transforma outra vez em homem. Quem estiver no caminho do Lobisomem, nessas noites, deve rezar três Ave-Marias para se proteger.
Para quebrar o encanto, é preciso chegar bem perto, sem que ele perceba, e bater forte em sua cabeça. Se uma gota de sangue do Lobisomem atingir a pessoa, ela também vira Lobisomem.

A lenda dos três rios

Era uma vez três rios que nasceram em Espanha. 
Chamavam-se Douro, Tejo e Guadiana. Estavam um dia a contemplar as nuvens e perguntaram-lhes de onde vinham.

- Do mar - responderam as nuvens. - Ele é o vosso pai.
- Onde fica o mar? - perguntaram os rios.
- Lá longe, em Portugal - responderam as nuvens.
- É grande? - perguntaram os rios.
- É, é muito grande - responderam as nuvens
- Havemos de ir ver o mar - disseram os rios.

E combinaram que no dia seguinte iriam os três ver o mar. Assim fizeram.
O Guadiana acordou primeiro e lá foi calmamente, contemplando os montes e as belezas que o espreitavam, e escolhendo os caminhos por onde passava, ao chegar a Vila Real de Santo António parou maravilhado.
O segundo foi o Tejo. Quando acordou já o sol ia alto. Começou a andar depressa, quase não escolhendo caminho, mas, quando entrou em Portugal, pensou lá consigo que já deveria ter muito avanço e lembrou-se de gozar as campinas e os montes, espreguiçando-se nas margens planas, antes de se lançar nos braços do pai.
O Douro, quando acordou e se viu só, nem esfregou os olhos. Partiu à pressa por desfiladeiros e precipícios, não escolhendo caminho, nem pensando em gozar a natureza. Assim foi ele que, muito sujo e enlameado, chegou em primeiro lugar.
E assim, com essa lenda contamos um pouco da história dos nossos três rios mais importantes. Cada um tendo características diferentes. 

INQUÉRITO SOBRE O ALENTEJO

Foi realizado um inquérito a 40 indivíduos para aferir se tinham alguns conhecimentos sobre as regiões do Algarve e Alentejo.
Obtivemos os seguintes resultados:

Relativamente à questão sobre a principal atividade económica no Alentejo, todas as pessoas responderam corretamente a esta questão.

À questão sobre o monumento mais antigo da cidade de Évora, responderam a esta questão corretamente 67% das  40 pessoas inquiridas.

Açorda Alentejana de Alho e Coentros com Ovo Escalfado

Para começar bem a semana, uma açorda alentejana (ou sopa, como alguns lhe chamam).
Incrível como se conseguiram criar coisas tão boas e saborosas com uma escassez tão grande de recursos. Alimentar-me a pão e água? Parece-me bem, desde que seja no Alentejo!

Ingredientes para 2 pessoas:

azeite
3 dentes de alho
1 raminho de coentros
2 fatias de pão alentejano (de preferência com alguns dias e cortado fino)
sal q.b.
2 ovos
água

Preparação:

Num almofariz esmague os dentes de alho com sal e com metade dos coentros.
Leve uma panela ao lume com azeite e junte a mistura de sal, coentros e alho e deixe fritar um pouco sem deixar queimar. Acrescente depois cerca de 600ml de água e deixe levantar fervura. Rectifique de sal e cuidadosamente abra os ovos para dentro deste caldo. Junte os restantes coentros picados grosseiramente e deixe ferver em lume brando até os ovos estarem cozinhados.
Divida as fatias de pão pelos pratos de sopa e cubra com o caldo fervente e com o ovo.

Bom Apetite!

Anedotas de Alentejanos

Anedotas com o sabor do vinho do Alentejo 

Estavam dois alentejanos encostados num chaparro à beira da estrada. E o vento soprava em sentido contrário. Eis que um deles olha para o outro lado da estrada e vê uma nota. E diz: "Compadre, se o vento se volta temos o dia ganho".

Um alentejano vai à feira comprar um fato. O cigano vende-lhe um e diz que é dos melhores. O alentejano leva-o para casa e como é de hábito, lavou o fato antes de usar. Eis que as calças encolhem. O alentejano zangado vai à procura do cigano. E este ao vê-lo chegar com as calças curtas, malicioso e mal intencionado diz-lhe: "Parabéns, amigo, muito cresceste desde a última vez que te vi!!"

Antigamente era obrigatório ter licença nas carroças dos burros. A polícia estava de serviço na estrada e eis que vem um cigano com o filho na carroça. Manda-o parar e pede-lhe os documentos. O cigano como não tinha segredou ao ouvido do filho: "Vai lá com tua mãe e pede-lhe um papel qualquer." E pede ao policia um tempinho enquanto o filho foi buscar o documento. A cigana deu um papel ao miúdo em branco. O cigano dá o papel ao polícia que exclama irritado: "Estás a gozar comigo, ou o quê? Isto não tem nada escrito!!!"
E o cigano responde: "Ai tal foi a pressa com que a criança veio que perdeu as letras no caminho!!"

Dois gémeos conversavam dentro de uma barriga alentejana. Dizia o primeiro:
- Atão! Será que existe vida depois do parto?
- Não sei. Nunca ninguém voltou para contar...

Uma comadre estava zangada com o seu marido, ao discutirem às tantas ela diz para ele, Oh homem tu ainda te atreves a olhar para mim?
Diz-lhe ele num tom conciliador:
Que queres oh mulher chega a uma altura que a gente acaba por se acostumar a tudo!

Um alentejano vai no comboio regional e dá-lhe uma grande "caganera". Vai para o WC mas está fechado... decide aliviar-se no corredor...
Entretanto chega o revisor e diz:
- "Sinto muito, mas vai ter de me acompanhar, e vou ter de dar parte ao chefe"
Ao que o alentejano responde:
- "Concerteza, e por mim até a pode dar toda..."

Chega um Japonês a um bar no Alentejo e diz:
- Soyha toyha poyha Coca-Cola !
Diz o Barmam muito admirado:
- O mê amigo disse que queria uma garrafinha bem fresquinha do quêi ????

Dois míudos alentejanos:
- Epá, porreiro, agora tenho um papagaio que diz tudo, diz "olá", "tás bom".
- Grande coisa, tenho lá em casa uma garrafa que diz "água das pedras".

Dizia um caçador lisboeta numa taberna do Alentejo:
- Hoje cacei 100 coelhos, 200 perdizes, 300 tordos.
Diz-lhe um alentejano:
- Atão uncêa é tal e cal coma mim.
- Ah! Então o senhor também é caçador?
- NÃ SENHORI, SOM MUNTA MENTIRÔSO...

Dois lisboetas iam pelo Alentejo, quando encontram um Alentejano sentado à sombra de uma azinheira. Resolvem chateá-lo um pouco e perguntam:
- Compadre, quanto tempo falta para chegar onde queremos ir?
- Uns 10 minutos, responde o alentejano.
- Mas como, indaga um dos lisboetas?
- É que esse é o tempo que demora para chegar onde eu caguei, e vocês estão com cara de quem quer ir à merda...

Numa das primeiras campanhas eleitorais depois do 25 de Abril, um partido de direita, para captar a simpatia dos alentejanos, prometeu que se fosse governo os alentejanos só trabalhariam seis meses por ano. Os partidos de esquerda, para não ficarem mal vistos, começaram a prometer que se fossem governo os alentejanos só trabalhariam um mês por ano. Num dos comícios em que só se falava em trabalhar um mês por ano, um alentejano, mais velho e desconfiado, pergunta a outro:
- Ó compadre, estou a ouvir bem ??!! O nosso candidato está a prometer que se for governo só vamos trabalhar um mês por ano ?
- É verdade compadre. Só vamos trabalhar 30 dias por ano.
- Ó compadre, e desses 30 dias quantos dias vamos tirar para férias ?

O primeiro ministro foi a barragem do Alqueva e no seu discurso disse:
- Prometo que esta barragem fica pronta daqui a 40 anos.
Um alentejano que estava a ouvir disse para o outro:
- Eh compadre, lá estão estes gajos com a mania das pressas.

Um alentejano vem a Lisboa e mete-se num taxi Mercedes. A estrela a meio do capôt chama-lhe a atenção e pergunta ao taxista para que serve aquilo. Perante tal pergunta o taxista resolve gozar com ele e diz-lhe que é um ponto de mira.
- Um ponto de mira para quê?
- Está vendo aquela velha ali? Pois olhe.
E aponta o taxi em direcção à velha e, no último momento, desvia o taxi. Para seu espanto, ouve um estrondo e vê a velha pelo ar.
- Um ponto de mira, mas se eu não abria a porta não acertava na mulher!!! - diz o alentejano.

Um alentejano casou com uma ganda mula duma sueca e cinco anos depois quando estavam a comemorar o aniversário de casamento o alentejano resolve confessar uma coisa à sua mulher:
- Sabes, querida, eu nunca te tinha dito isto antes porque não sabia qual é que seria a tua reacção, mas acho que tenho mesmo que te confessar: É que eu sou daltónico...
- Pois é, amor, eu também tenho uma coisa para te confessar: Eu não sou sueca, sou Africana!

No Alentejo era costume se colocar um par de cornos em cima do capôt dos automóveis. Um compadre queria enfeitar assim o seu carrito, e lembrou-se lá do seu compadre que criava vaquinhas e foi-lhe fazer uma visita.
- Compadre, eu queria uns cornos para enfeitar o meu carro, vocemecê não me arranja uns? - Está bem compadre, quando eu matar uma vaquinha arranjo-lhe isso.
Duas semanas depois, estava o primeiro a passear na sua bicicleta e passa à porta do compadre e este chamo-o.
- Compadre, já tenho a encomenda que me pediu.
- Que maçada, agora estou com a bicicleta, como vou levar isso?
- Não faz mal. Vai a pé e leva a bicicleta numa mão e os cornos na outra.
E lá foi, pelo caminho passa por outro compadre e este diz-lhe:
- Ê compadre!!!! Não me diga que teve um acidente!!

Um alentejano vai ao médico e este receita-lhe uns supositórios que o alentejano compra numa farmácia. Algum tempo depois encontram-se e o médico pergunta:
- Então, que tal se tem dado?
- Olhi, dôtôri, ê custa-mi munto é a ingulir aquelas côzas!
- Mas você toma-os pela boca???
- Queria quê os metêssi no cu, não?

Um turista chega a beira de um alentejano e pergunta-lhe:
- Já nasceu aqui algum grande homem?
- Na senhori. Aqui só nascem crianças!...

Um alentejano chega a casa a correr e exclama:
- Maria, ganhei o totoloto. Faz as malas.
- E levo roupa de verão ou de inverno?
- Leva todas, vais para casa da tua mãe!

Porque é que em Lisboa a maior parte dos policias são alentejanos?
Porque são bons guardadores de gado...

Três lisboetas com a boca torta vão para um hotel. Quando lá chegam, pedem um quarto e, quando lá chegam, deparam-se com um problema. O hotel era velho e a única luz era uma vela. Ora, como tinham a boca torta, sopraram e sopraram, voltaram a soprar mas não a conseguiram apagar.
Nisto chega um alentejano, também com a boca torta. O recepcionista, vendo as semelhanças, despacha-o para o quarto dos lisboetas. Quando lá chega, os lisboetas, no gozo, pedem-lhe para apagar a luz. O alentejano, para não se cansar muito a soprar, molha o dedo na boca e apaga a luz.

Sabem porque é que os alentejanos põem uma pedras em cima do rádio?
Para ouvirem música pesada

Sabem porque é que os alentejanos quando vão dormir têm sempre uma pistola e um copo de água na mesinha de cabeceira?
Para matarem a sede.

ANEDOTAS À ALGARVIA

Humor Algarvio

Pergunta o miúdo à mãe:
- Ó mãe, o qué um insete ?
Responde a mãe:
- Ê cá nã sê, perguntá mana …
O miúdo vai ter com a irmã:
- Ó mana, o qué um insete?
Sem muita paciência para o puto, responde a irmã:
- Pôs nã sê… perguntó pai!
O miúdo vai então tentar a sorte com o pai:
- Ó pai, o qué um insete ?
E responde o inteligente do pai:
- Ó mê granda burre… um insete sã Oite!

Ainda a rir? Então vamos contar outra...

Um cão vai de férias para o Algarve.
Quando lá chega encontra um gato e, dirigindo-se a ele faz: 
– “Ão!!!”
E o gato: – “Ão!!!”
Pergunta o cão: – “Ão”?! Mas tu não devias fazer “Miau”?! 
Responde o gato: – Sabes?! Aqui no Algarve, quem não sabe mais que uma língua está xeringado!…


Mamã, dá-me 1 euro para dar a um homenzinho que está a gritar muito na rua.
– Que rico coração! E o que diz o homem, meu filho? 
– Quentes e boas!…

A Lenda das Amendoeiras em Flor

Há muito tempo, antes da independência de Portugal, quando o Algarve pertencia aos mouros, havia ali um rei mouro que desposara uma rapariga do norte da Europa, à qual davam o nome de Gilda.

Era encantadora essa criatura, a quem todos chamavam a "Bela do Norte", e por isso não admira que o rei, de tez cobreada, tão bravo e audaz na guerra, a quisesse para rainha.
Apesar das festas que houve nessa ocasião, uma tristeza se apoderou de Gilda. Nem os mais ricos presentes do esposo faziam nascer um sorriso naqueles lábios agora descorados: a "Bela do Norte" tinha saudades da sua terra.
O rei consegui, enfim, um dia, que Gilda, em pranto e soluços, lhe confessasse que toda a sua tristeza era devida a não ver os campos cobertos de neve, como na sua terra.
O grande temor de perder a esposa amada sugeriu, então, ao rei uma boa ideia. Deu ordem para que em todo o Algarve se fizessem plantações de amendoeiras, e no princípio da Primavera, já elas estavam todas cobertas de flores.
O bom rei, antevendo a alegria que Gilda havia de sentir, disse-lhe:
- Gilda, vinde comigo à varanda da torre mais alta do castelo e contemplareis um espectáculo encantador!
Logo que chegou ao alto da torre, a rainha bateu palmas e soltou gritos de alegria ao ver todas as terras cobertas por um manto branco, que julgou ser neve.
- Vede - disse-lhe o rei sorrindo - como Alá é amável convosco. Os vossos desejos estão cumpridos!
A rainha ficou tão contente que dentro em pouco estava completamente curada. A tristeza que a matava lentamente desapareceu, e Gilda sentia-se alegre e satisfeita junto do rei que a adorava. E, todos os anos, no início da Primavera, ela via do alto da torre, as amendoeiras cobertas de lindas flores brancas, que lhe lembravam os campos cobertos de neve, como na sua terra.

LENGALENGAS


Quais, quais?
Oliveiras, olivais,
Pintassilgos, rouxinóis,
Caracóis, bichos "móis",
Morcegos, pássaros negros,
Tarambolas, galinholas,
Perdizes, codornizes,
Cartaxos e pardais,
Cucos, milharucos,
Cada vez há mais.

A arvelinha pequenina
Que nesta terra é estrangeira,
Veio fazer a sementeira
Para comer a minhoquinha.
Assim que se achou gordinha
Foi para a sua terra outra vez.

E o cartaxo era maltês,
"Garreou" com o papa-figos.
O lobisomem, que era amigo,
Veio acudir à "garreia".
Trazia a barriga cheia,
Fizeram dele um tambor.
E o mocho, que era administrador,
Pôs com eles na cadeia!

PRAGAS

- Havias de ter uma doença tão grande ou tão pequena que a água do mar feita em tinta não desse para escrever a receita.

- Oxalá que vivas toda a vida tão desassossegada, como me desassossegaste a minha!

- Oxalá que te seques como as palhas!

- Tantos trabalhos tenhas, como de "fezes" me trazes!

- Trabalhos te persigam, maldito!

- Maldito sejas magano d’aquele corno!

- Um raio viera que te partisse, malvado!
- Hás-de morrer numa Sexta-Feira com o *rabo* cheio de bichos, seu cão tinhoso.

- Raios te abrasassem o corpo e a alma.

Lenda da costureirinha

Por todo o Baixo Alentejo são muitas as pessoas que dizem ouvir, por vezes, o som de uma máquina de costura que trabalha sem parar. Diz quem ouve que o som é tão nítido que se pode mesmo reconhecer o som do pedal da máquina e da linha a partir. Estes inexplicáveis sons deram origem à Lenda da Costureirinha, história de que poderemos ouvir várias versões se percorrermos o concelho de Alcácer do Sal.

Segundo uma das versões, em tempos que já lá vão, uma certa costureira fez um vestido de noiva para a filha mas esta morreu antes do casamento. Cheia de tristeza, a senhora terá continuado a costurar por toda a eternidade.

Numa outra versão da história, uma costureira tinha um marido alcoólico, sendo obrigada a trabalhar dias a fio, sem parar, para poder sustentar a família. Reza a lenda, que nem mesmo depois de morta terá parado de costurar.

Conta-se ainda que uma certa costureira adoeceu gravemente. Com intuito de recuperar a sua saúde, prometeu que doaria a sua máquina de costura caso melhorasse. Porém, assim que recuperou esqueceu-se do prometido, por isso, quando faleceu, como castigo, foi obrigada a continuar a costurar.


Por fim, numa outra versão da lenda, uma costureira prometeu fazer um manto para oferecer a Nossa Senhora. Como não o fez, depois de morta foi condenada a levar uma vida errante até cumprir a sua promessa.

PROVÉRBIOS

Se o Inverno não erra caminho, têmo-lo pelo S. Martinho.
Se o sapo canta em Janeiro, guarda a palha no sendeiro.
Se o velho pudesse e o novo quisesse, nada havia que não se fizesse.
Se queres ser bom alheiro, planta alhos em Janeiro.
Se queres um bom alhal, semeia-o antes do Natal.
Se queres ver o teu corpo, abre o teu porco.
Se queres ver o teu marido morto, dá-lhe couves em Agosto.
Seda em Janeiro, ou fantasia ou falta de dinheiro.
Segundo lá escolhestes, assim cá vos contentai.
Semana Santa molhada, terra alterada.
Semeia e cria, e viverás com alegria.
A boda e a baptizado, não vás sem ser convidado
A caridade começa por nós próprios
A cavalo dado não se olha o dente 
A esperança é a última a morrer
A felicidade é algo que se multiplica quando se divide
A fome é o melhor tempero
A função faz o órgão
A galinha da vizinha é sempre melhor que a minha
A galinha que canta como galo corta-se-lhe o gargalo
A lã nunca pesou ao carneiro
A merda é a mesma, as moscas é que mudam
A minha liberdade acaba onde começa a liberdade dos outros
A mulher e a pescada, querem-se da mais grada (engraçada)
A mulher e a sardinha, querem-se da mais pequenina
A noite é boa conselheira
A ocasião faz o ladrão
 A ociosidade e a ignorância são mãe de todos os vícios e doenças
A rico não devas e a pobre não prometas
A uns morrem as vacas, a outros parem os bois
Agora, já a gaivota caga na bóia [Já vem tarde]
Agora é tarde e Inês é morta
Água do rio corre para o mar
 Água mole em pedra dura tanto bate até que fura
Águas passadas não movem moinhos
Ainda que sejas prudente e velho, não desprezes o conselho (Graciosa)
 Alentejanos, algarvios e cães de caça, é tudo da mesma raça
Amarra-se o cavalo, é vontade do dono. Albarde-se o cavalo à vontade do dono.
Amigo não empata amigo
Amigos amigos, negócios à parte
Amigos dos meus amigos, meus amigos são
Amor com amor se paga
Amor e fé nas obras se vê
Antes que cases vê,  olha o que fazes
Antes que o mal cresça, corta-se-lhe a cabeça
Antes quero asno que me leve, que cavalo que me derrube (Farça de Inês Pereira )
Antes só que mal acompanhado
Ao menino e ao borracho põe Deus a mão por baixo
Aos olhos da inveja todo o sucesso é crime
Assim como vive o Rei, vivem os vassalos
Até S. Pedro o vinho tem medo
Atirei no que vi e acertei no que não vi
Atrás de mim virá quem bom de mim fará (dirá)
Azeite de cima, mel do meio e vinho do fundo, não enganam o mundo
 Baleias no canal, terás temporal (São Jorge)
Barcos virão, novas trarão (Corvo)
 Bem mal ceia quem come de mão alheia
 Bem toucada, não há mulher feia (São Miguel)
Boa árvore, bons frutos
Boi em terra alheia é vaca
Boi velho gosta de erva tenra (Faial)
Brigas de namorados, amores dobrados
Burro velho não aprende línguas
Cada cabeça cada sentença

Anedotas

1-O que é que os alentejanos chamam aos caracóis?
 Animais irrequietos.

2-Porque é que os alentejanos gostam de tomar a bica na casa de banho?
 É para tomarem a bica com cheirinho.

 3-O que é que um alentejano espera depois da seca?
 Que as vacas dêem leite em pó.

4-O que é que fazem 17 alentejanos à porta do cinema?
 Estão á espera de mais um porque o filme é para mais de 18.

5-Qual é a diferença entre um cancro e um alentejano?
 O cancro evolui e o alentejano não.

6-Qual é a melhor universidade do mundo?
 É a de Évora, porque entram para lá alentejanos e saem de lá engenheiros.

7-Porque é que os alentejanos semeiam alhos nas bermas da estrada?
 Porque dizem que o alho faz bem à circulação.

8-Como é que se conhece um alentejano numa praia de nudistas?
 É o que tem o cú cheio de calos.

9-Porque é que os alentejanos limpam o cú de trás para a frente?
 É porque assim aproveitam e estrumam os tomates.

10-Qual a diferença entre um autocarro de alentejanos e um autocarro de porcos?
 A matricula.

Nota: Não queremos ferir a sensibilidade de ninguém, apenas queremos reproduzir algumas piadas típicas.

CULTURA E TRAJES DO ALGARVE




Alguns trajes estão ligados às profissões e/ou condição social. Assim, nos grupos folclóricos ou etnográficos, podemos observar trajes que retratam profissões como camponeses, padeiros ou aguadeiros.

A alma de um povo

O movimento acelerado da música e o colorido dos trajes são a alegria do folclore algarvio. O “corridinho”, o “baile de roda” e o “baile mandado”, em que os dançarinos executam os movimentos que lhes dita o “mandador”, são as danças que melhor identificam o Algarve. Ouve-se o tilintar dos ferrinhos, o acordeão solta as notas endiabradas e os pares rodopiam. Se as danças populares do Algarve são um corrupio, já certos cantares tradicionais apresentam uma faceta bem diferente da alma algarvia. É o caso das cantigas de trabalho que acompanham o ritmo da ceifa, nos campos. Há ainda as canções de embalar e os romances, que podem ser lentos e arrastados ou vivos como marchas. Normalmente, as letras são adaptadas ao tempo e às circunstâncias em que se cantam.

Atualmente, já não são os camponeses que cantam, mas os grupos folclóricos e os conjuntos de música tradicional que se apresentam ao longo de todo o ano em hotéis, restaurantes, feiras e festas tradicionais.

O típico traje algarvio tem as seguintes características:

Mulheres
 
-Saia comprida, de cor única e garrida, barra de fitas coloridas;
-Saiote branco, com rendas;
-Blusa às flores, mangas compridas, enfeitadas com rendas;
-Avental pequeno branco ou florido, com rendas;
-Meias altas brancas de linho rendadas;
-Botas de meio cano, de cor castanha;
-Na cabeça, lenço florido e chapéu de feltro de cor preta.


Homens
-Calça preta;
-Meias brancas;
-Botas de meio cano, pretas ou sapato preto;
-Camisa branca;
-Colete preto;
-Lenço vermelho ou outra cor ao pescoço;
-Cinta preta ou azul escuro;
-Na cabeça, chapéu de feltro de cor preta.

PRAGAS


Vamos falar um pouco sobre as pragas do nosso Algarve. Os nossos habitantes levam tudo isto em forma de brincadeira e até nos fazem sorrir. Estas pragas são muito conhecidas por milhares de habitantes da zona de Monte Gordo, Fuzeta e Alvor.

Agora deixamos-vos aqui algumas pragas:

Ah moce marafade! havia de te dar uma dor de barriga tã grande, tã grande, que tevesses que correr e cande más corresses más te doesse e cande parasses arrebentasses.

Oh moce dum cabrão, havia de te crescer um par de cornos tã grandes, tã grandes, que dois cucos a cantarem, cada um na sua ponta, não se ouvissem um ao outro.

Ah moça maldeçoada, havias de apanhar tante sol, tante sol, que t’aderretesses toda e fosse preciso apanhar-te às colheres com’à banha.

Quêra Dês que toda a comida qu’hoje quemeres, amanhã a vás cagar ao cemitério já de olhos fechados.

Um destes dias, “se Dês queser” volto com outras pragas. Até lá, que não vos doa a barriga.

Ah maldeçoade, havias de ter uma doença tã grande, tão grande, ca água do mar transfermada em tinta na desse pa escrever o nome dela.

Oh maldeçoade, só queria que tevesses sem um tostão ferade na alzebêra, que visses uma cartêra cheia de notas caída na rua e quando te fosses abaixar pr’á apanhar te caísse a tampa do peito.

Amaldeçoade môce, havia de te dar uma dor tã grande, tã grande, que só te passasse com o sumo de pedra.

Havias de ter uma fome tã grande ou tã pequena, que cabessem os alcatruzes todos que tem o mar dentro da tua barriga.

Que te desse uma traçã no beraco desse rabo, que tevesses sem defecar oito dias e quando c*gasses só c*gasses figos de pita inteiros.

Ah marafada, havias de fecar tão magra, tão magra, que passasses po beraco duma agulha de braços abertos.

Ah maldeçoada, havia de te dar uma dor tã fina, tã fina, que ficasses enrolada que nem um carro de linhas.

Havia de lhe dar uma febre tã grande, e tão pequena, que lhe derretesse a fevela do cinte e os betons da farda.

Oh maldeçoado moce, havias de ter uma dor tã grande, tã grande, que te desse p’andar. Mas que andasses tante, tante, que gastasses as pernas até aos joelhes.

A Febre
Um zaragateiro embriagado provoca tal desordem que obriga a intervenção de um soldado da GNR, que acaba por detê-lo. A mulher do zaragateiro, indignada, profere a seguinte praga contra o soldado:
“Permita Deus que tenha uma febre tão grande, tão grande que lhe derreta a fivela do cinto.”

O Cúmulo da magreza
“Permita Deus que fiques tão magro, tão magro, que possas passar pelo fundo de uma agulha de braços abertos.”

Uma grande dor
“Não sabia dar-lhe uma dor tão grande que nunca mais parasse, que quanto mais corresse mais lhe doesse e, se parasse, rebentasse…”

Um bichoco*
“Permita Deus que tenhas um bichoco tão grande e tão ruim que todo o algodão que há no mundo não chegue para o tratamento”
*bichoco é, no falar algarvio, um furúnculo, tumor ou ferida com crosta.

O tampo do pêto
Praga rogada a um avarento:
“Permita Deus que aches uma carteira cheiinha de dinheiro, mas quando t' abaixares para a apanhar te caía o tampo do peto”